quarta-feira, 30 de maio de 2007

Direito à Indignação ou Conversa de Surdos


Hoje, como é dia de greve e greve implica reivindicação de direitos, vou aproveitar este meu espaço para reivindicar o meu direito à indignação.

Pela primeira vez, vi um comentário meu ser eliminado de um blog de uma amiga. Estou francamente indignada com ela.

Não foi nada de mais. Tanto o que escrevi, como a atitude dela. Todos temos esse direito.

Mas fiquei passada, não posso deixar de dizer. E porquê? Porque ela não teve a frontalidade, a leveza de espírito e a maturidade para me confrontar com a situação. Mesmo depois de ter estado à conversa comigo. E disso só posso tirar 3 conclusões:

- o que escrevi foi algo extremamente ofensivo (não acredito);

- ela acha que o que escrevi fere o sentimento alheio (apesar do alheio estar francamente a brincar com os sentimentos dela - mas isto se calhar não interessa nada);

- não sou merecedora de tamanha consideração.

E como não gosto de ficar com a pulga atrás da orelha, resolvi perguntar o motivo. A resposta dela: o meu comentário foi "despropositado" e "insensível". E apesar de sentir isso "não me lembrei mais disso... Era para te dizer, mas confesso que me passou", continuou ela.

Estranho, é o mínimo que posso dizer. E disse-lhe isso mesmo, acrescentando outros floreados. Ao que ela disse que registou a minha opinião, que para ela já é mais do que conhecida, "só não a quis tornar pública" porque não "me queria estar a chatear contigo por uma coisa dessas".

Alguém me pode explicar esta contradição? É melhor não...

Não se quer chatear?!?!? Ela não se chateou, mas eu estou para lá de chateada. Tanto que não me calei e o que saiu foi: "não é comigo que não te queres chatear é com o outro. Tens medo que o que eu escrevi o incomode, mas se queres continuar a enganar-te..."

E remata, numa toada de falsa despreocupação (defesa que resolveu usar, mas que tem pouco a ver com a forma dela viver as relações): "se calhar é por aí sim, amiga! Mas deixa lá, deixa-me sonhar... Quando tiver de ser acordo."

Mais uma vez estou a ver a minha amiga a dar importância e até a vida a algo e a alguém que francamente não lhe traz mais nada do que uma felicidade instantânea e momentânea. Ela insiste em viver um sonho cujo final irá transformar-se em pesadelo, e apesar de o saber continua a recriar um cenário de relação perfeita. Tão perfeita que começa a desligar-se do resto que compõe a sua vida.

Cansei-me, esgotei as minhas energias, a minha disponibilidade, a minha vontade e a minha paciência de estar a falar para a parede e estar a ver o meu ouvido transformado em caixote de lixo.

A conversa de surdos que mantive com ela ao longo de 6 meses em redor do "Diário da Nossa Paixão Proíbida", em redor de crises existenciais e em redor de constantes exigências tuas de respostas que não quero dar, porque já as dei, ou porque não me apetece dar, termina aqui.

O que foi a última gota d'água? Quando ao excerto do texto dela, " Mas cá estamos 6 meses depois... unidos por algo bem forte que promete durar...”, eu respondi, “O drama, o horror, a tragédia… Não quero ver!”

Fim de reivindicação.

9 comentários:

  1. A parte triste disto tudo é que vamos acabar por ver. Quer queiramos quer não. É uam tristeza, mas pior que o cego é aquele que não quer ver...e os óculos escuros desta jovem são tão negros que nem a luz da glória a ofusca (isto pareceu um bocado católico, mas disso não tenho nem um chavo!)
    Enfim!

    ResponderEliminar
  2. Sabes o que fere nem é a frontalidade, mas sim as palavras que acertam SEMPRE aonde doí.Nem sempre queremos ou estamos preparados para ouvir o que já sabemos, o que a lógica diz e o coração nega.
    Mantêm te assim.

    ResponderEliminar
  3. Muitas vezes é difícil ser se amigo verdadeiro. Quando temos que dizer as verdades e tentar abrir os olhos a quem quer continuar a viver na ilusão.

    Por muito que os alertemos, os tentemos fazer ver, não há nada que os consiga mudar de atitude. Insistirmos é apenas o caminho para perdermos esse amigo, mas com o tempo ele irá voltar. É assim o ciclo da vida.

    Ainda ontem tive que ouvir cada barbaridade que só me apetecia espancar o meu melhor amigo...

    Ele - "Ená tenho a mulher e o filho fora, esta noite estou sozinho em casa!"

    Eu - "Porreiro, estás a precisar de sair e ir espairecer, vamos jantar fora e divertir-nos" (algo que não fazemos à anos)

    Ele - "Epá é melhor não, vou antes fumar umas ganzas que tu ainda me dás cabo do casamento"

    Eu -"Estás a gozar não? Passas a vida a queixar te como o teu casamento é uma desgraça e agora eu é que quero dar cabo do teu casamento? Dass vai lá fumar as ganzas e viver na ilusão"

    Mas pronto é o meu melhor amigo por isso não há stress...

    Bjk,

    ResponderEliminar
  4. psyhawk:
    Pois infelizmente sim. Vamos acabar por ver.
    A luz da glória é muito mau e muito católico... Mas pode ser que esta seja a luz ao fundo do túnel que ela vai acabar por encontrar, quando achar que não tem forças suficientes para seguir em frente. Do mal o menos, já que será uma luz, supostamente positiva...

    Bjkas

    ResponderEliminar
  5. marta:
    A dor faz parte da vida. O que custa é ver pessoas que gostamos a caminharem neste sentido quando sabem que o podem e devem evitar. Mas enfim, quem somos nós para dizer não faças. Não podemos viver a vida dos outros nem evitar o que eles próprios não querem evitar.
    Manter-me assim?!? Acho que ainda tenho muito para aprender e muito para me transformar e me tornar melhor...

    Bjkas

    ResponderEliminar
  6. Olá. Compreendo perfeitamente a tua posição porque me está a acontecer o mesmo com uma pessoa amiga. Tal como tu, já me deu um ou dois ataques de honestidade sobre o assunto, mas a meio do meu discurso pensei para os meus botões: mas que raio estou eu para aqui a dizer? Isto está a entrar a 100 e a sair a 1000.
    Não há volta a dar quando as pessoas não querem ouvir, por isso deixa-as viver a vida e lixarem-se se for caso disso. Tens sempre a opção, que eu já decidi tomar, de também não as ouvir quando vierem fazer as suas lamentações.

    Paula Nascimento

    ResponderEliminar
  7. blade:
    Se é difícil ser-se verdadeiro.
    Eu não insisto, acho que somos todos adultos e sabemos mais do que ninguém o que queremos para a nossa vida.
    Só me chateia estar a ser constantemente envolvida na história, com pedidos de opiniões e afins e, depois, quando resolvo dizer de minha justiça, ser rotulada de insensível e outras coisas mais. Mas com estes rótulos (e outros q as pessoas nos atribuem) posso eu bem.
    Mas destruidora de casamentos, este nunca me calhou (talvez por o casamento não fazer parte do programa das festas do meu grupo de amigos?!?) :P
    Mas os amigos também cá estão para isso.

    Bjkas

    ResponderEliminar
  8. Paula:
    É sempre chato estarmos nesta situação. Eu já cheguei ao ponto de entrar em off quando o tema da conversa dela é este, mas ela ficou ofendida porque não estou lá, mesmo depois de lhe ter dito que não queria ouvir e que não queria opinar.
    É giro perceber que respeitar a posição do outro é um papel que só me cabe a mim ;)

    Bjkas

    ResponderEliminar
  9. os amigos sao tambem para apoiar na queda...um dia ela vai cair e tu estaras la de braços abertos. porque um amigo é para dizer as verdades mas nunca para impo-las...ha pessoas que gostam de sofrer, faz-lhes falta e mesmo essas têm direito a depois ter um ombro amigo onde chorar.
    bjkas
    RENASCIDA

    ResponderEliminar