quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Engate

Já passam das oito horas da noite, a temperatura está um pouco baixa, o cansaço acumulado de mais um dia de trabalho (daqueles que desejamos ao nosso melhor inimigo) permite-me esperar com resignação, mais do que com paciência, pela hora de partida do autocarro. Vou-me distraindo com a música que me invade os ouvidos, com um cigarro que teimo ver queimar e um telefonema de alguém que não interessa nem ao menino Jesus.

Enquanto isso vejo chegar o motorista. Um tipo com mania que é pintas (quase ao estilo cabelo lambido), que se acha o máximo e que nenhuma mulher lhe resiste.

Ele muito lentamente encosta-se a um dos poste do abrigo da paragem, assim como quem não quer a coisa, olha-me de alto a baixo e vai abanando a cabeça em sinal de aprovação. Puxa de um cigarro, enfia as mãos nos bolsos à procura de um isqueiro que, supostamente não encontra e depois de alguns segundos de teatro vem ter comigo:

- Tem lume?

Eu sem nada dizer empresto-lhe o isqueiro que tenho na mão.
Ele acende o cigarro e agradece.
Eu retribuo com um seco aceno de cabeça e afasto-me.
Os meus pensamentos levam-me para longe, mas depressa sou interrompida pela tosse cavernosa do dito senhor.

Ao achar que tem a minha atenção diz:

- Tenho de largar o tabaco. Só me está a fazer mal... Mas também se não forem estes pequenos prazeres da vida, pouco mais levamos dela...

Eu mantenho-me em silêncio. Mas ele volta à carga:

- Sabe, eu só tenho dois vícios. Quer adivinhar quais são?

Já sem paciência nenhuma para o ouvir, respondo:

- Um é mais que óbvio, o outro não faço a mínima.

Acompanhando com uma nada subtíl piscadela de olho ele insiste:

- Atire qualquer coisa para o ar, não é nada complicado.

Acabei por dizer a primeira coisa que me veio à cabeça:

- Álcool?!?!

Tentando não me desmanchar a rir com a cara de espanto dele, acrescentei:

- Peço desculpa, é óbvio que um motorista profissional não é viciado em álcool. É melhor dizer-me qual é.

Ele sorri, enche o peito de ar, volta a piscar o olho (nessa fase já comecei a pensar que fosse tique) e tal como um pavão responde:

- As mulheres. Então não é óbvio?!?!?

A minha resposta ao "Então não é óbvio?!?!?":

- Pois, não sei como não me lembrei desse. Logo eu que tenho estes mesmos dois vícios.

E ficámos por aqui...

sábado, 10 de novembro de 2007

Bolsas: Galp e LV

Ontem, à conversa com uma colega no trabalho depois de termos sido informadas que as acções da Galp valorizaram 24,7% e apresentaram uma rendibilidade a 1 ano de 150%:

Eu - Vejo-me chegar ao Admirável Mundo Novo.
Ela - Como assim?
Eu - Percebo que os resultados da Galp são positivos. Mas não percebo nada de mercados financeiros.

Ela como expert no assunto dá-me uma breve explicação.

Eu - Percebo isso, mas troco os termos técnicos. Além disso, continuo a dizer que não percebo nada de bolsas.

Ao que ela responde com o ar mais sério do mundo:

- Desculpa lá alguma coisa deves perceber, nem que seja da Louis Vuitton.

Ainda demorei alguns segundos a perceber e de repente olho para ela e partimo-nos a rir.





Já recompostas continuamos a conversa:

Eu - Eh pá! Nem por isso. Pelo menos os clássicos fazem-me lembrar a minha avó.
Ela - As clássicas são um pouco old-fashioned, mas as de pele de avestruz são bem giras.

E desta forma voltámo-nos a perder dos fundos de investimento.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Há Alturas Que Apetece...


Estimado chefe,

Vou estar ausente do escritório para gozar umas boas férias. Estimo que todos fiquem bem.
Não deixem de me enviar os Emails do costume a pedir trabalhos urgentes.
Conforme ilustrado o meu sistema de arquivo automático tratará dos assuntos com o cuidado que eles merecem.

Até breve.