quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Olá Outono!*

Final de tarde do 1º dia de Outono
Ao chegar ao fim do Verão, poderia dizer que vai deixar saudades, porque foi divertido e ao mesmo tempo produtivo.
 
De facto, vindo-me à memória o Verão do ano anterior, este nem chegou a aquecer.
 
Pouco dado ao convívio, sem dias de praia intermináveis nem finais de tarde em esplanadas a libertar o corpo do calor pegajoso, este Verão praticamente resumiu-se a ver o diminuir diário das horas em que o sol, preguiçosamente, voltava a encontrar-se com o horizonte, dando lugar à noite, e a recuperar das maleitas que resolveram tomar conta do meu corpo.
 
Fosse eu de baixar os braços, este Verão dos meus 35 anos, sairia catalogado como o do início da minha decadência, como muito boa gente (meio a sério, meio a brincar) me foi dizendo.
 
Felizmente, a seguir ao Verão vem sempre o Outono. Assim, permito-me recebê-lo de cabeça erguida e de braços abertos. Pode ser que o vento que trouxe no dia da sua chegada seja de boas mudanças.
 


*Pensamento de  22 de Setembro, enquanto apreciava um cigarro e a vista
que me emoldura as pausas dos fins-de-semana de trabalho.
 
 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ouvi Por Aí



Na paragem de autocarro, conversa entusiástica entre três homens 'machos', na casa dos 20.
 
'Macho' 1 - Uma coisa é ele contar que é gay. Agora isso?!?
 
'Macho' 2 - Ya. Outra completamente diferente é contar detalhes da sua vida sexual.
 
'Macho' 3 - Isso é privado, meus. Não se partilha.
 
'Macho' 1 - Pois não, pois não.
 
'Macho' 3 - Agora esquece lá isso e conta. Como é que foi a noite? Conseguiste comer a X?
 
 
E assim se descobre a linha que separa o domínio privado numa conversa entre os 'machos' e entre os 'outros'.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Do Teu Beijo*


 O teu beijo tem gosto a quero mais. É guloso. Num misto entre quente-e-frio e agridoce, ateia os meus sentidos, apimentando sensações, e arrefece a minha razão, adocicando emoções.

 O teu beijo é o alimento para o meu desejo. Sacia-o, independentemente das instruções da sua embalagem indicarem que deve ser consumido na regrada delicadeza emocional do equilíbrio da ternura dos afectos ou na transgressora voracidade sensorial dos excessos da luxúria das vontades.

 O teu beijo é um vício. O meu vício. Permito-me permanecer agarrada a ele, e por conseguinte a ti, porque sei que tu também te dás a este luxo.

O teu beijo é o melhor calmante e o melhor estimulante que a rotina de cada dia me traz. Confirma a minha máxima de que a partilha desinteressada torna um gesto simples em algo bom, muito bom, óptimo, excelente.



Eu disse que voltava.
*Mais uma continuação, perdida, deste e deste

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Olh'á Magra!

Será considerado violência gratuita eu passar para a ignorância e partir a boca toda a colega que não se cansa de dar opiniões (não solicitadas) sobre o que devo ou não devo fazer para engordar? Principalmente, quando as opiniões são dadas sem conhecimento de causa e ad nauseam?

Há um mês que estou em luta com a balança para conseguir ganhar, no mínimo, 3 dos 6 quilos que perdi, em menos de duas semanas, devido a efeitos secundários indesejados de um antibiótico que, entre outras coisas, me alterou o paladar, tirou o apetite e, claro está, me deixou cadavérica.

E também, há um mês que ouço, diariamente, a mesma ladainha: "Fogo! Estás tão magra que faz aflição." "Pode ser que despida até corpo esteja bonito, mas... estás tão magra." "Que é feito do rabo e daquelas pernas que enchiam as medidas e davam gosto ver? Estás tão magra." "Estás tão magra! Ela está tão magra, não está?".

Cansaço! É o que me apraz dizer para não ser mais ofensiva. Mesmo que a pessoa em causa não mereça tamanha consideração. Enfim!

Sim, eu tenho espelhos em casa que me mostram que estou praticamente pele e osso e, por estranho que pareça, também tenho balança que me indica que eu estou demasiado perto dos 50 quilos, quando o que devia era estar o mais encostada possível aos 60.

Para além disso, sinto no meu corpo as mazelas da minha magreza. Já que uma simples costura ou prega de tecido me faz nódoas negras ou arranhões lindos como o sol (só é pena não o poder olhar de frente), um botão ou uma qualquer aplicação que a roupa possa ter tem o condão de vincar-se, dolorosamente, entre as minhas costelas, o cabelo cai-me como se não houvesse amanhã de tão fraco que está (por opção, até já reduzi o seu comprimento para metade) e a pele está mais do que sensível a qualquer contacto mais áspero.

A esta lista de maleitas poderia acrescentar muitas mais, nomeadamente a original, mas não me apetece. Primeiro, porque não devo satisfações sobre a minha aparência e saúde a ninguém. Segundo, porque não tem nada a ver comigo andar aos caídos a lamentar-me. Terceiro, porque estar a acrescentar pontos a esta lista não melhora nem resolve nada, assim como não me traz os quilos de que preciso.

Dito isto, vou aproveitar o meu tempo e as minhas energias a fazer algo bem mais interessante. A ver de consigo ganhar um mísero meio quilo para juntar ao outro meio que consegui ganhar em Agosto.


 Pode ser que me abra o apetite e acabe por passar por cá amanhã para escrever algo com menos fel.

Ah! Já agora, julgo não ser pedir muito deixarem de me cumprimentar com um "Bolas!!! Estás tão magra!". Um "Olá, tudo bem?" é uma alternativa bem mais simpática, interessante e educada.