segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ausente

Ando com falta de tempo, de inspiração e de vontade...

As histórias são muitas, as aventuras também, os pedidos para trazer uma nova luz a este espaço começam a surgir com alguma insistência. Mas como sou uma mulher de seguir as minhas próprias vontades e que adora ser do contra, vou continuar no meu ritmo.

De momento, a luz que aqui se vê e sente vai-se manter.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Engate

Já passam das oito horas da noite, a temperatura está um pouco baixa, o cansaço acumulado de mais um dia de trabalho (daqueles que desejamos ao nosso melhor inimigo) permite-me esperar com resignação, mais do que com paciência, pela hora de partida do autocarro. Vou-me distraindo com a música que me invade os ouvidos, com um cigarro que teimo ver queimar e um telefonema de alguém que não interessa nem ao menino Jesus.

Enquanto isso vejo chegar o motorista. Um tipo com mania que é pintas (quase ao estilo cabelo lambido), que se acha o máximo e que nenhuma mulher lhe resiste.

Ele muito lentamente encosta-se a um dos poste do abrigo da paragem, assim como quem não quer a coisa, olha-me de alto a baixo e vai abanando a cabeça em sinal de aprovação. Puxa de um cigarro, enfia as mãos nos bolsos à procura de um isqueiro que, supostamente não encontra e depois de alguns segundos de teatro vem ter comigo:

- Tem lume?

Eu sem nada dizer empresto-lhe o isqueiro que tenho na mão.
Ele acende o cigarro e agradece.
Eu retribuo com um seco aceno de cabeça e afasto-me.
Os meus pensamentos levam-me para longe, mas depressa sou interrompida pela tosse cavernosa do dito senhor.

Ao achar que tem a minha atenção diz:

- Tenho de largar o tabaco. Só me está a fazer mal... Mas também se não forem estes pequenos prazeres da vida, pouco mais levamos dela...

Eu mantenho-me em silêncio. Mas ele volta à carga:

- Sabe, eu só tenho dois vícios. Quer adivinhar quais são?

Já sem paciência nenhuma para o ouvir, respondo:

- Um é mais que óbvio, o outro não faço a mínima.

Acompanhando com uma nada subtíl piscadela de olho ele insiste:

- Atire qualquer coisa para o ar, não é nada complicado.

Acabei por dizer a primeira coisa que me veio à cabeça:

- Álcool?!?!

Tentando não me desmanchar a rir com a cara de espanto dele, acrescentei:

- Peço desculpa, é óbvio que um motorista profissional não é viciado em álcool. É melhor dizer-me qual é.

Ele sorri, enche o peito de ar, volta a piscar o olho (nessa fase já comecei a pensar que fosse tique) e tal como um pavão responde:

- As mulheres. Então não é óbvio?!?!?

A minha resposta ao "Então não é óbvio?!?!?":

- Pois, não sei como não me lembrei desse. Logo eu que tenho estes mesmos dois vícios.

E ficámos por aqui...

sábado, 10 de novembro de 2007

Bolsas: Galp e LV

Ontem, à conversa com uma colega no trabalho depois de termos sido informadas que as acções da Galp valorizaram 24,7% e apresentaram uma rendibilidade a 1 ano de 150%:

Eu - Vejo-me chegar ao Admirável Mundo Novo.
Ela - Como assim?
Eu - Percebo que os resultados da Galp são positivos. Mas não percebo nada de mercados financeiros.

Ela como expert no assunto dá-me uma breve explicação.

Eu - Percebo isso, mas troco os termos técnicos. Além disso, continuo a dizer que não percebo nada de bolsas.

Ao que ela responde com o ar mais sério do mundo:

- Desculpa lá alguma coisa deves perceber, nem que seja da Louis Vuitton.

Ainda demorei alguns segundos a perceber e de repente olho para ela e partimo-nos a rir.





Já recompostas continuamos a conversa:

Eu - Eh pá! Nem por isso. Pelo menos os clássicos fazem-me lembrar a minha avó.
Ela - As clássicas são um pouco old-fashioned, mas as de pele de avestruz são bem giras.

E desta forma voltámo-nos a perder dos fundos de investimento.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Há Alturas Que Apetece...


Estimado chefe,

Vou estar ausente do escritório para gozar umas boas férias. Estimo que todos fiquem bem.
Não deixem de me enviar os Emails do costume a pedir trabalhos urgentes.
Conforme ilustrado o meu sistema de arquivo automático tratará dos assuntos com o cuidado que eles merecem.

Até breve.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Transportes Públicos

O Que Quero Ser Quando For Grande?



Hoje no regresso a casa, depois de mais um dia de trabalho, um grupo de quatro miúdas, à volta dos 20 anos, todas estudantes do curso de enfermagem, debatiam entre elas o que queriam fazer no futuro no que à sua carreira profissional diz respeito.

Depois de muitas idiotices ditas por todas, desde ganhar o euromilhões, ser reformada como o pai ou desposar um homem de posses, uma sai-se com esta:

- Bom mesmo, era agarrar um jogador de futebol. Isso é que era.

Ao que outra responde:

- Mas vê se te certificas que joga pelo menos na primeira divisão. Não faças como umas e outras que andam a sustentar um. - E olha de esguelha para outra amiga.

Ao que parece era uma indirecta (muito directa). Já que, apesar do calor humano que transbordava do autocarro, o ambiente entre elas gelou.

Depois desta pérola instalou-se um silêncio constrangedor no seio do grupo.

E na minha cabeça surgem algumas dúvidas existenciais, mas estas senhoras estão a estudar para quê? Só para poderem dizer que têm um canudo? Porque enfermagem está visto que não entra no projecto de carreira de nenhuma delas. Agora arranjar quem sustente os seus vícios...

Acho que um curso de Rameira ficava-lhes bem!


-----------------------------------------------------------------------------------------------------

Pobreza (de Espírito) A Quanto Obrigas



Amigas que discutiam uma grande questão social.
- Há dias vi um anúncio no jornal de venda de uma casa que dizia não tem banheira.

- Não tem banheira?!? Mas desde quando há casas sem banheira? Ainda por cima para venda?

- Não tem banheira mas pode ter um polibã ou duche.

- Não, não tinha banheira instalada.

- Pior, pior seria não ter sanita.

- ...
- ...
- ...

- Sim. Outro dia ouvi um senhor a contar que vive numa casa muito degradada e que como sanita usa uma cadeira com um buraco no meio e um alguidar por baixo e depois deitava as 'notícias vindas do interior' para a rua.

- Como assim, ele usa a cadeira na rua?

- Ya, vai para a rua e põe-se a cagar em frente aos vizinhos. Dahhhhhh. Achas? Claro que não. O que vai para a rua são o mijo e os cagalhões.

- Ah ok, já percebi.

- Ainda há muita pobreza neste mundo.

- Pois há e muita gente não vê isso.

- Ya. Eu por exemplo não quero ver.

- Ya. Eu nem me imagino a viver sem, televisão, microondas e 'tosteira'...

- 'Tosteira'?!?!?

- Sim a máquina para fazer torradas.

- Miúda, quanto muito é uma torradeira.

- Ou isso...

O que não falta por aí também é pobreza de espírito.

domingo, 21 de outubro de 2007

e 1-2- 3 e 5- 6-7...

Este fim-de-semana voltei a tirar a caixa dos sapatos de dança do armário.
Calcei-os para ver se ainda me recordava da sensação de os ter nos pés.
A batida do coração disparou, para logo em seguida entrar na cadência da contagem que surge na minha cabeça, primeiro num ritmo lento:

e... 1... 2... 3... e... 5... 6... 7... e...
1... 2... 3... e... 5... 6... 7...

Depois num ritmo acelerado:

e 1-2- 3-e-5- 6-7-e
1-2-3-e-5-6-7...

Os pés fazem a marcação:

y uno-dos-tres-y-cinco-seis-siete-y
y uno-dos-tres-y-cinco-seis-siete-y...

Experimento um cross, uma volta simples, uma volta dupla... Pelo meio faço uma sentada, um penteado, uma flecha...

y uno-dos-tres-y-cinco-seis-siete-y
y uno-dos-tres-y-cinco-seis-siete-y...

Faço uma onda, desenho oitos, mostro o sapato... Mais um cross com volta, umas sequências de passos antigos, um toca-toca...

e 1-2- 3-e-5- 6-7-e
1-2-3-e-5-6-7...

Abrando o ritmo, sorriu...

e... 1... 2... 3... e... 5... 6... 7... e...
1... 2... 3... e... 5... 6... 7...

Descalcei os sapatos, coloquei-os na caixa e olhei para eles antes de os guardar no armário.

Ainda me envolvo na dança...
Ainda me deixo ir com a música...


No final gritei:

MI CUERPO PIDE SALSA!!!!

A saudade bateu forte mas ainda não foi desta que a matei.



terça-feira, 16 de outubro de 2007

Não É Assim Que Se Diz!

Ontem quando estava a regressar a casa, depois de mais um dia de trabalho, entro no autocarro e passado algumas paragens entram, em amena cavaqueira, mãe e filha.

A criança, com cerca de 7 anos, está na fase de soletrar palavras. Tudo o que lhe aparece no campo de visão e lhe disperta curiosidade é soletrado (raramente se engana, só quando ainda confunde letras).
Imagino a paciência de santo que a mãe dela tem para a aguentar, dia após dia, em viagens de uma hora. A criança não se cala nem para respirar. Parece que está ligada à corrente e não há forma de encontrar um botão de 'off' (já nem falo de um botão dos níveis de décibeis, porque sei que é pedir demasiado).

A meio da viagem a miúda começa a gritar:

- Oh mãe! Oh mãe! Olha o polícia. Olha, olha...
- Sim filha já vi.
- Olha, olha mãe ele tem qualquer coisa escrita nas costas.
- Sim filha, é polícia, todes têm.
- Com'é que sabes se ainda não olhaste pra eles?
- Humm?!?!?
- Sim, tás c'os olhos no telemóvel.
- Pois, mas é isso, eu sei...
- Mas com'é que sabes?
- Consegues ver o que tá escrito nas costas dele?
- Sim.
- Atão soletra prá 'cabarem as teimas.
- Tá bem. P-L-I-C-I-A, Plícia.
- Oh filha p'lo amor de Deus é P-U-L, 'PUlícia' agora plícia. BURRA!!!

A miúda calou-se, cruzou os braços e amuou.

Nesta altura, incrédula com o que tinha acabo de ouvir, levantei a cabeça para perceber o que se passava.

À mãe atribuí nota máxima pelo atentado à língua portuguesa e pela frieza e certeza com que corrigiu a filha, sem nunca tirar os olhos do telemóvel.

E à miúda atribuí uma medalha de mérito, porque de facto não se enganou a soletrar já que a palavra que se via nas costas do polícia era mesmo 'plícia'. Devido à postura o 'o' ficou escondido.



Saí do autocarro, ainda desnorteada com o que se passou. E enquanto caminhava até casa recordei-me de uma situação passada (era eu uma pré-adolescente) em que a empregada lá de casa corrige o modo de falar da filha e acaba por se enterrar.

Chega a hora do lanche e eu, a minha irmã e os meus primos perguntamos à miúda:

- Flávia o que perferes? Sumo, leite, chá ou iogurte?

Ela pensa, pensa, pensa e meio envergonhada e perdida com tantas hipóteses de escolha acaba por dizer com um sorriso nos lábios:

- Quero grute!

Nós entendemos o que ela queria, acho que qualquer um entendia. Mas no instante a seguir ouvimos a mãe a gritar da outra ponta da casa:

-OH Flávia já te disse que não se diz grute é agurte.

Como putos que éramos não conseguimos conter o riso. E até hoje, passados uns 20 anos, sempre que apanhamos alguém a corrigir outro alguém, ou, pior ainda, quando encontramos a miúda gritamos:

-OH Flávia já te disse que não se diz grute é agurte.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Antecipação



Grande parte de nós tem a tendência para se antecipar a tudo o que o outro faz, diz, pensa e sente.

Porque acha que o conhece muito bem e, por isso, as acções e reacções dele são previsíveis; Porque transfere para o outro a própria forma de agir, pensar, sentir e falar como única possibilidade; Porque muitas vezes não tem paciência para aguardar que ele formule a ideia e desta forma vai completando o discurso; Ou ainda, porque pura e simplesmente quer conduzi-lo para determinado ponto de vista.

Embora grande parte das vezes não haja 'maldade' (tentativa de ser boazinha) neste acto, acaba-se por não ouvir o que o outro diz (já que se está a pensar no que vai dizer ou fazer a seguir) e deixa-se de usar a escuta activa.

No final, em vez de solucionarmos os obstáculos, contornamo-los. O que é a mesma coisa que nada fazer, já que os mesmos não deixam de existir.

Ouvir, sentir e observar o outro, sem pressas, possibilita um maior conhecimento do mesmo e mostra outros caminhos e áreas que podem ser explorados. Já que não entramos no campo dos 'achismos' e 'supônhamos' e desta forma não fazemos filmes, não deixamos que os macaquinhos tomem conta do sotão e obscureçam a visão e a razão e não castramos imaginações.

É a imprevisibilidade que nos torna únicos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Assim Estou


Ando sem tempo para nada. A minha vida anda uma roda viva: casa-trabalho_1, trabalho_1-trabalho_2, trabalho_2-casa. Monótona até mais não.

Os amigos que falam (ou tentam falar) comigo diariamente já perceberam que não se passa mais nada na minha vida, já que não tenho outro assunto a não ser trabalho.

Venturas e desventuras de uma nova fase que parece querer dar comigo em louca. Não tenho tempo para nada a não ser correr para vencer o pouco tempo que tenho.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Coitado do Gato (Será?)



Um zoófilo, um sádico, um assassino, um necrófilo, um piromaníaco e um masoquista estão sentados num banco de jardim, dentro de um sanatório, sem saber como ocupar o tempo.


O zoófilo - E aí, vamos transar com um gato?

O sádico responde - Vamos transar com um gato e depois torturá-lo!

O assassino completa - Vamos transar com um gato, torturá-lo e depois matá-lo!

O necrófilo fala - Vamos transar com um gato, torturá-lo, matá-lo e depois transamos com ele outra vez !

O piromaníaco acrescenta - Vamos transar com um gato, torturá-lo, matá-lo, transar com ele outra vez e atear-lhe fogo!


Segue-se um silêncio...


Todos olham para o masoquista e perguntam:

- E aí?
Então o masoquista diz - Miiiiiaaaauuu!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Dúvida Existencial

Porque será que os maluquinhos calham sempre a mim?


Será porque os opostos se atraem?
Ou será porque semelhante atrai semelhante?*




* Acho q são perguntas de retórica
(não quero saber a resposta, porque sempre ouvi dizer que somos mais felizes na ignorância HEHEHE)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Amigos...



A Lu e o Nel convidaram-me para jantar com eles, porque como estou em processo de DesSocialização acham que o que me faz falta é sair e estar com pessoas.

Depois de muito pensar e de muito os ouvir, lá aceitei o convite. De facto, há algum tempo que não estamos juntos.

No dia, local e hora combinados, apesar de a minha vontade continuar a ser pouca, lá estou eu, a Lu, o Nel e... mais uma pessoa, que nunca vi na vida. Ao que parece trouxeram um 'amigo', o , que, 'supostamente' consideram ser a companhia 'ideal' para mim, nesta noite.

Ao dar conta da situação, torço o nariz, mas apercebo-me que o também foi levado por eles, por isso guardo a indignação para mim.

Após as apresentações, sentamo-nos, escolhemos os pratos e mantemos a conversa pelas trivialidades que marcam um primeiro contacto. O Jô é simpático, bom conversador e demasiadamente educado: puxou a cadeira para eu me sentar, levantou-se quando fiz intenções de ir à casa-de-banho, puxou do bolso um isqueiro - apesar de não fumar - quando me viu pegar num cigarro.

Como eu, o Nel e a Lu somos amigos de longa data, a conversa rapidamente entra num registo mais descontraído. Falámos de trabalho, família, música, dança e amizades. Rimo-nos muito com situações mais ou menos estranhas que já passámos e com histórias que nos vamos lembrando (o Pêra Manca começou a fazer efeito).

De uma destas histórias salta o nome do , que já não vejo há um/dois anos. Nada demais, até eu descobrir que o também conhece o personagem (tal como a Lu, o fui colega de trabalho dele). De facto o mundo é mesmo muito pequeno. De tantas pessoas que passaram pela minha vida tinha de ser logo o?

Não sei quanto tempo estive perdida nos meus pensamentos, mas quando dei conta tinha a Lu a chamar-me à Terra e a perguntar se tinha ouvido a pergunta que o me fez.

'Claro que não ouvi', estava completamente envolvida numa boa recordação que me deixou com um sorriso estúpido de orelha a orelha. Depois do embaraço da situação, pedi ao para repetir a pergunta.

- Conheces o ? Olha que giro, mas como é que se conheceram?

Eu olho para a Lu, o Nel olha para mim, os dois trocam um olhar trocista entre si e eu mais uma vez vejo-me numa situação embaraçosa porque ambos sabem o quão ridículo foi este momento e conhecem o enredo da 'nossa' a história. Querendo sair rapidamente do centro das atenções lá me viro para o e digo-lhe:

- Conhecemo-nos há três anos, no jantar de aniversário da Lu.
- Ele é um prato, não é?
- É...

Entretanto vem a sobremesa, depois os cafés e a conta. Aproveitando a ausência do , a Lu e o Nel começam a tentar vender-me o amigo:

Lu - Hummm... ele é muito simpático.
Nel - Vocês fartaram-se de conversar.
Lu - É giro, é educado.
Nel - Ele não tira os olhos de ti.
Eu - Eh pá já não basta terem-me trazido para um blind date, ainda tenho que levar com esta treta. Tudo bem, ele é simpático, conversador, não tirou os olhos de mim, mas...
Lu - Xiuuu... Ele vem aí.


Remeti-me ao silêncio, mas não calei o meu pensamento. Ele é simpático, conversador, não tirou os olhos de mim, mas... mas demasiadamente educado: ofereceu-me o jantar, 'correu' para me abrir a porta do restaurante, disponibilizou-se para me levar a casa, 'correu' para me abrir a porta do carro, perguntou se a música que tinha a tocar no auto-rádio me agradava, se preferia outra ou se queria que desligasse, quando chegámos voltou a 'correr' para me abrir a porta do carro. Pronto não houve clique. Cheguei a casa com a sensação de ter jantado com alguém da geração do meu avô, demasiado certinho para o meu gosto.

Entre o vinho e o sono que embalavam a noite, ainda houve espaço para mais uma das minhas gaffes. Na despedida chamei-o de .

domingo, 9 de setembro de 2007

Pensando Bem...



O bom discernimento vem da experiência
e quase sempre a experiência vem do mau discernimento.


sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Não Estou...

... Para nada, nem para ninguém.

Entrei em processo de desSocialização.
Quando voltar aviso (ou não!).

Cheira a Limpo


Após longos meses, redescobri o tampo da secretária.
Até dá gosto parar por lá.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Cineminha?

Como por estes dias o sol parece estar meio de folga e, quando não está, teima em se esquecer de trazer o calor, tenho aproveitado o tempo-livre para pôr as minhas contas em dia com o cinema.

Nos últimos 15 dias, foram 8 filmes. Uns bons, outros nem por isso, alguns desiludiram e outros ainda surpreenderam. Mas todos foram momentos bem passados pois a companhia (quase sempre diferente) ajudou. O que é engraçado, porque há uns anos estes momentos eram vividos quase sempre sozinha (estarei a perder qualidades?).

Descansem que não vou atribuir classificações, fazer críticas (des)construtivas e, muito menos contar o final das histórias.

Após 7 sessões é natural que a minha atenção no ante-filme se prenda noutros pequenos pormenores que não:

- a imitação publicitária da Super Bock Green da cena mais que mítica dos 'Deuses Devem Estar Loucos';
- o intragável doc publicitário da Red Bull Air Race (ainda bem que é já este fim-de-semana);
- os trailers dos filmes a estrear na época natalícia e no Verão de 2008 (não me enganei é mesmo 2008).

E passe para pormaiores, como as pessoas que co-habitam comigo, por algumas horas, este pequeno grande espaço que é a sala de cinema e os seus rituais cinéfilos.

Assim, na minha última incursão pelo cinema (ontem), dos 15/20 minutos de duração do ante-filme ficaram a vaguear pela minha cabeça algumas frases soltas de conversas que se perdiam pelo ar:

Amigas:
Amiga 1 - O teu cabelo tá TÃO girooooooooo!!
Amiga 2 - Não digas nada perdi mais de 2h, ao almoço, para ir ao cabeleireiro.

Casal 1:
Ela - Amanhã tenho que me levantar a que horas mesmo, Amor?
Ele - ...

Casal 2:
Ela - Estou a sentir uma comichão esquisita num sítio estranho.
Ele - ...

Será que as mulheres não conseguem dedicar um minuto do seu tempo ao silêncio?!?!?? Conseguem, mal o lusco-fusco deu lugar à escuridão calaram-se.

Sossego, finalmente. O filme vai começar.

PAMMM! Um clarão de luz invade o meu campo de visão lateral. O idiota do vizinho do lado lembrou-se que agora é o momento ideal para trocar SMS?!?!?

Respiro fundo, começo a minha contagem até 100 em japonês (devo ter falado alto demais porque o idiota olha para mim), dilato as narinas ,ele percebe que estou com ar de poucos amigos, ele volta a olhar para o clarão que sai do telemóvel e faz a gentileza de o guardar no bolso (Thank you very much!SIIIM).

Volto a relaxar. O filme começa numa toada morna e mantém-se nela por algum tempo. A minha companhia começa a afundar-se na cadeira, o sono começa a atacar. O filme aquece, ela entra em sobressalto e aperta-me o braço. O filme volta a ficar morno, ela mantém o braço à volta do meu e encosta a cabeça no meu ombro. O filme re-aquece e ela quase que salta da cadeira levando o meu braço atrás. A cena repete-se mais três ou quatro vezes. O filme termina ela só quer sair da sala o mais rápido possível. Só se volta a acalmar quando, no seu estílo de ofendida, se ri com a minha pergunta: "Então tiraste algumas ideias?" (depois do que li não podia guardar esta boca para mim).

O filme? Mr. Brooks


segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Desafio*





A minha amiga Renascida teve a infeliz ideia de me passar um desafio/corrente, daquelas coisas que eu gosto muito (not). Mas como até estava com a mão na massa (vulgo livro) e não estava muito longe da página em questão resolvi ver o que saía.

O desafio/corrente consiste em:

- pegar no primeiro livro que estiver por perto - "Moderno Dicionário da Língua Portuguesa";

- abrir na página 161 - já que estava na página 159 a tirar uma dúvida de escrita, não custava nada mudar de folha;

- procurar a 5ª frase completa - esta parte foi mais complicada já que tive que contar até cinco;

- transcreve-la para o meu blog - não podia ser só lê-la?!?

- não se pode escolher o livro. Tem de ser mesmo do que estiver mais perto e a 5ª frase da página 161 - acho que dá para ver pelo ponto 1º que não me dei a este trabalho;

- passar o desafio a 5 pessoas - bom esta parte já não faço, pois a minha religião (seja ela qual for) não me permite.


A frase:

"Micogenia, s.f. (do Gr. mýkes+génos) Produção de mucedíneos"

Posto isto vou continuar o que estava a fazer.





* Não quero mais coisas destas, principalmente porque não tem aquela parte final que diz se não passar a 6 milhões de pessoas vou ter direito a séculos de azar ou qualquer coisa assim.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Chamada do Além



Compreender isso... Ou chegar a isto...

Não acredito, nem nunca acreditei na vida depois da morte. Não acredito na possibilidade de comunicação entre aqueles que ainda estão neste mundo e os que já partiram para outra. Por isso, aceito muito mais depressa que me digam que um morto me possa vir puxar os pés durante noite, do que me vá ligar para o telemóvel. Mas não é que esta última hipótese aconteceu mesmo*.

Ontem recebi uma chamada do Além.

11h da manhã o telemóvel toca.


Número não identificado... Quem será?
Ainda com dúvidas se devo ou não atender, olho uma e outra vez para o telemóvel.
Mas que raio - digo para mim - até parece que antes da era das chamadas identificadas ficávamos a pensar se deviamos ou não atender?!? Se estão a ligar para o meu número é porque querem falar comigo.
Resolvida a crise existencial aceito a chamada.

- Sim, bom dia!
- Haam...
- Siiiiim?!?!?
- Haam...
- Bom é melhor desligar que já percebi que ninguém me ouve
- Haam...
- Com licença.
Piiiiiiiiiiiiiiii

11h04 telemóvel volta a tocar, novamente número não identificado (já não entro em crise existencial), atendo ao segundo toque.

- Sim?
- huum...
- Já percebi que deve estar com dificuldades em me ouvir.
- huum...
- Talvez seja melhor procurar outro local que tenha menos interferência.
- huum...
- Vou desligar...
- huum...
Piiiiiiiiii
Chamada difícil esta, mas seja quem for já me está a irritar.

11h11 TRIIIIIMM... TRIIIIIIMM... TRIII... pego no telemóvel já meio passada.

- Siiiiim?????????
- hiim...
- Eh pá, não tenho pachorra para isto vou desligar e já não volto a atender se o telemóvel voltar a tocar.
- hiim...
- Tenha um bom di... (fui interrompida)
-Sim, P. Gira?

Finalmente fez-se som...

- Sim. Quem fala?
- É o C.
- C? Qual C?
- O C, não te lembras?

Fiz uma busca pelo meu hard-disk: C? C?!?!? C. C! C....

-HUUM... Espera aí! O único C que conheci morreu há 5 anos num acidente de carro.
- Pois sou este mesmo**.







ALTO LÁ, PÁRA TUDO.

Olhei para o telemóvel e desliguei. Piiiiiiiiii***
Tirei-lhe o som e não voltei a atender chamadas.

12h - 10 chamadas não atendidas de número não identificado, 11h25, 11h29, 11h33, 11h37, 11h40, 11h42, 11h46, 11h51, 11h54, 11h59...
Desistiu.

12h10 PIRIRU... Recebida 1 Mensagem:

"Porque é que não atendes as chamadas? Preciso falar contigo, atende. C"
Não respondo.

12h40 - Mais 7 chamadas, 12h11, 12h15, 12h18, 12h20, 12h22, 12h26, 12h29...
12h43 PIRIRU... Recebida 1 Mensagem:

"Ok desisto. C"



UFAAAAAA!!!
Resta saber até quando?****



--------------------------------------


* Não, eu não estou louca, eu não estou bêbeda, eu não estou sob o efeito de qualquer substância ilícita, nem marquei uma qualquer sessão espírita.

** Há 5 anos, recebi um sms a dizer "Tenho uma má notícia para te dar, o C teve um grave acidente de carro e morreu. J". Horas depois descobri que era tudo mais uma das suas mentiras transloucadas. C fez-se passar por J e enviou a sms do telemóvel de P.

*** Como qualquer brincadeira tem limites e esta ultrapassou todos, depois de uma conversa com a mãe de C em que a aconselhei a procurar acompanhamento médico especializado para ele, estabeleci o meu último contacto com ele: "De todas as mentiras que me contaste ao longo de todo o nosso relacionamento só há uma que eu tenho mesmo pena que não seja verdade, esta última". A partir desta data C morreu mesmo para mim. E como não falo com mortos...

**** Porque será que o passado de quando em vez se lembra de nos voltar a assombrar?

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Horas Depois...


Depois de duas horas e meia a andar sem rumo e
de outras tantas a contar até 100 em japonês*,
estou muito mais calma.


* não me perguntei como isso se faz porque não sei dizer o zero, quanto mais o cem ;)

Hoje Apetece-me...


Quando sentires que tudo vai MAL, como se o dia não fosse acabar...
Quando parecer que as coisas NUNCA melhoram...
Olha para o céu, abre os braços e GRITA:


FODASSE!!! PUTA QUE PARIU ESTA MERDA!!!*



* De facto, agora sinto-me muito mais aliviada ;)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Strange People

Há pessoas mesmo estranhas. Que se julgam superiores às outras só porque têm mais idade, mais experiência, mais responsabilidade, mais poder e mais dinheiro.

Há pessoas que se julgam melhores que as outras porque têm melhores trabalhos, melhores carros, melhores presenças.

Por tudo isso, este género de pessoas pensa que pode espezinhar os outros, ofender os outros, maltratar os outros, ignorar os outros.

Para mim estas pessoas são frustradas, infelizes e burras.

Vivem de aparências e de conveniências. São aquilo que lhes convém ser, mas nunca são elas mesmas. Vivem numa realidade forjada. Desiludem-se por cada ilusão que criam e vivem sempre uma ilusão desiludida.

São sanguessugas, vivem na sombra daqueles que idolatram, sempre buscando a luz que os outros projectam. São incapazes de criar a sua própria luz, de desenvolver e mostrar a sua personalidade.

Não tem opinião formada sobre nada, embora tudo o que digam seja com grande convicção. Mudam de ideias tão depressa como pestanejam. Sem darem conta dizem sim ao que anteriormente disseram não e não se lembram disso. O que lhes interessa é o imediato, o aqui e o agora. O que disseram e fizeram há meio minuto é passado e como tal já não é verdade, já não é notícia e já foi esquecido.

Olho para elas e só me apetece fugir. Não têm conteúdo, são ocas de tão vazias e superficiais. Não sabem aproveitar a vida. Vivem sempre preocupadas com o que os outros acham, com o que os outros têm e com o que os outros pensam.

Têm medo de causar má impressão. Têm medo de errar. Têm medo de cair no ridículo e de ser criticadas pelos que são iguais a elas.

Têm medo de tudo e de todos, mas não têm medo do pior: não viver tudo aquilo que querem e que podem; não enfrentar desafios e aventuras novas e revigurantes a cada dia; não ter surpresas nem o prazer de ver alguém surpreendido, alegre e descontraído com um gesto seu, com uma palavra sua ou com um simples olhar.

São das tais pessoas que não conhecem o poder dos sentimentos, que não conhecem o poder dos sentidos, que não conhecem o poder da própria vontade. Não conseguem construir o seu próprio caminho. Não conseguem transformar o mau em bom, nem o mal em bem.

São pessoas estranhas que de dia para dia parecem multiplicar-se à velocidade da luz. Como se existisse alguma coisa no ar que as impossibilita mudar e ver o que a vida pode dar de melhor.

Não quero dizer com isso que para as pessoas que são mais humildes, mais humanas, mais respeitadoras e centradas, a vida só mostra coisas boas (isto é ilusão). Mas, acredito que, abre sempre uma janela, mostrando outra perspectiva, cada vez que algo de mau parece fechar uma porta. Estas pessoas são mais positivas e por isso encaram de uma forma mais natural os percalços da vida. Conseguem concentrar-se naquilo que querem e arranjam alternativas para o conseguir.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mulher Desesperada... A Precisar de Ajuda*




Será?!?!?
Ou devo acreditar no comentário que veio a seguir?

"Há mulheres com sorte !" heehehhheh



* Bem melhor que a revista 'Maria'

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Paixão

Se resistimos às nossas paixões,
é mais pela fraqueza delas que pela nossa força.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Vamos a Banhos?

Como escrevi umas horitas mais cedo, ontem fui à praia.

Para aquele meio mundo que está a pensar, a dizer, ou a pensar dizer que só um louco alinha num programa destes num dia violentamente ventoso, tenho uma coisa a confessar,

Praia + Vento Forte = Combinação Bombástica

E passo a explicar:

De facto o dia de ontem estava para quase tudo menos para banhos de sol e longos mergulhos. Em relação aos mergulhos sou um pouco difícil de agradar (só num paraíso tropical deixo de me queixar da água fria... passo a queixar-me da água quente), quanto aos banhos de sol... bem, se calhar é melhor nem falar.

Continuando...

Como não dava para estar na vida dura das Sopas e Descanso, eu e mais
outra simpática demos corda aos sapatos e deixámo-nos ir ao sabor do vento e da nossa conversa. Claro está que, como grandes tagarelas que somos, sem dar conta já tinhamos passado e muito a Fonte da Telha.




Ela - Nada mal. É a primeira vez que consigo convencer alguém a vir comigo a pé até tão longe.
Eu - Pois, nada mal.

Trocámos um sorriso e continuámos o nosso caminho, a acalmar o espírito e a inspirar as boas vibrações do mar.

Ela - Vamos voltar?
Eu - Sim vamos.

E aqui começou o nosso martírio. O vento de frente, trazia muita areia que fustigava as nossas pernas e dificultava o nosso percurso.

A muito custo lá conseguimos chegar a bom porto, com muita risada pelo meio, muito 'Ai ai, que não aguento mais', muito 'Uiiiiiiiii! A água está gelada', muito 'Já não sinto os músculos das pernas' e muito 'Raios partam o São Pedro'.

Não desistimos, resistimos até ao fim e as nossas mais de 3 horas de esforço tiveram as suas recompensas.

- Desanuviámos a cabeça e o corpo do stress, neuras e preocupações acumulados;

- Conversámos, rimos muito, ouvimos o mar e deixámos o esforço físico invadir os nossos poros;




- Apreciámos as belas manobras do Kitesurf. Por acaso vimos alguns mesmo bons (mas faltou a máquina).
Quando for grande quero um homem que aprenda a dominar a minha rebeldia, aprecie o meu mau feitio e aprenda a lidar com as minhas manias com a perícia, a segurança, a força e a paixão com que os kitesurfers resistem ao vento e voam em liberdade sempre tendo o mar como guia. Essa é que é essa (momento lamecho-romântico, esperem lá que já volto ao meu registo);

- Reposémos energias e calorias (sem dúvida uma das melhores partes).
Refrescámo-nos com um divinal sumo de morango, saboreámos uma deliciosa refeição e lambuzámo-nos no bolo de chocolate que desapareceu em três tempos;


Um final de tarde que se fez curto, pois o sol era passado e o vento ainda estava longe de acalmar, mas que a temperatura no interior do carro ainda conseguiu prolongar.

Praia + Vento Forte + Caminhada + Conversa Animada+
+ Kitesurf + Energias e Calorias Repostas = Dia Bem Passado


O Que É Que Vim Mesmo Aqui Fazer?!?!?

Estou desde as dez da noite para vir aqui escrever qualquer coisa, sobre qualquer coisinha, que devia ser importante, mas agora, com certeza, já não é, porque não me lembro do que era (nem me vou esforçar para descobrir isso).

Só que, sempre que penso em efectuar o login, surge algo que se sobrepõe a esta tarefa.

Ou recebo uma chamada, ou efectuo uma, ou ando em trocas de sms, ou ando a fazer tudo isto ao mesmo tempo e ainda à conversa via msn com pessoas e temas completamente dispares (felizmente nós mulheres somos multitask).

Mas é natural que agora, à meia-noite e meia, quase uma hora (e pela minha lentidão sou capaz de chegar até às duas sem nada escrito)*, não vá sair nada de jeito daqui. Já que o dia hoje foi puxadote e estou que nem posso, doi-me o corpo todo e a minha cabeça já deixou de raciocinar.

Mesmo assim vou-me esforçar.

Então cá vai:


...


...


Hoje (melhor dizendo, ontem) fui à praia.


...


...


Já está. Tenho dito.

Agora vou dormir que o meu mal é sono.


* São 1h30, nada mau, ainda fiz um bom tempo :D

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Procura Vã

Em cada corpo que me possui procuro algo que sinto estar perdido em mim. Em cada cama que sinto como estranha (porque realmente o é), em cada encontro furtuito, em cada gesto premeditado e muitas vezes mal disfarçado de intimidade, carinho, desejo e prazer.

Procuro algo que já não sou, algo que fui em tempos (talvez... não sei...), mas que as circustâncias da vida (boas ou más) se encarregaram de transformar.

Procuro em vão e nada mais encontro do que o vazio crescente de sentimentos. Viver o passado, viver do passado e viver com o passado não traz nada de novo à vida e apresenta-se sem conteúdo.

Saudades

Tenho saudades de muito daquilo que fui e que nos últimos anos perdi.

Perdi a capacidade de me deixar levar pelo sentimento, pela doce melodia que as palavras de amor trazem à vida. Não me deixo aquecer com um toque terno e carinhoso e não me consigo perder num abraço profundo, cheio de sentimento, desejo e saudade.

Tenho saudades de me perder e de me encontrar, de sentir e de explorar o desejo e o prazer num toque, num beijo e num abraço dado ou recebido. Não me lembro como isso de faz. Não me lembro quando tive vontade de agir assim, sem pensar se estou no momento certo.

Perdi a espontaneadade de demonstrar o que sinto, quando, onde e como me apetece. Sinto que a minha mente controla constantemente a minha emoção e não me deixa seguir livremente os meus sentimentos.

Tornei-me fria e calculista. Limitei ao máximo a possibilidade de correr riscos. Aceito o que me dão sem contestar, mesmo que não seja o que procuro. Entrego-me a uma noite de sexo e prazer imediato em busca de outro sentimento mais forte, mas o que encontro no fim é um vazio cada vez maior que me enche o peito.

Já não sinto o meu corpo ligado aos meus sentimentos, não lhe dou o valor devido, porque perdi qualquer interesse nele. Perdi a vontade de o ver seduzir, vezes sem conta, outro corpo. Perdi a vontade de o sentir e ver estremecer de prazer e de fome de prazer por outro corpo.

Prefiro dar o que os outros querem, do que dar aquilo que tenho para dar. E é muito, porque sei que não perdi a capacidade de amar. Não perdi a capacidade de dar e sentir amor e de dar e sentir prazer. Perdi sim, a capacidade de acreditar que o posso dar e receber nas mesmas condições, de acordo com aquilo que quero e sinto.

Tenho saudades de acreditar na possibilidade de viver momentos de verdadeira paixão com um homem, sem ser somente na entrega dos nossos corpos. Mas sim, numa conversa, no silêncio da cumplicidade e da intimidade, num passeio, num abraço ou numa qualquer manifestação de carinho. Numa troca de olhares, num sorriso, num toque de mãos, num cheiro, num embalo de uma música, numa dança, num bater sincronizado dos corações e num respirar compassado envoltos em serenidade.

Amizade, amor respeito, cumplicidade, desejo, intimidade, vontade e avontade num silêncio e numa conversa franca em que expomos os nossos sentimentos sem receios, nem barreiras, sem limites nem fronteiras para o sofrimento, a dor e o tormento, que um possível fim possa causar.

Tirar lições, guardar desilusões, sem perder a capacidade de dar sem nada pedir e receber sem nada exigir. Sorrir quando apetece chorar. Ficar quando apetece fugir. Enfrentar, lutar, esquecer sem nada apagar. Mas não deixar de querer dar e receber amor.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Fecha-se Um Ciclo (Parte 2)



Os nervos foram mais que muitos.

Quando subimos ao palco e me passaram o microfone para as mãos parecia que estava no epicentro de um brutal terramoto.

Tudo tremia: pernas, mãos, voz. Não sei como consegui permanecer de pé, abrir a boca e falar (ler) durante cinco minutos. Para além de ainda tentar esboçar um sorriso para a mesa de júri, passar a palavra à minha colega e, claro está, respirar.

Foi um mau começo, há muito que não ficava assim, quase sem reacção. Mas o final até foi bastante feliz, alcançámos o objectivo proposto: ficar em primeiro lugar.

Apesar de ser uma vitória sem prémio, serve para calar a voz daquele que nos disse: vocês encontram-se em desvantagem, porque "uma equipa só de mulheres não ganha".


equipa essência


As 'essência' mostraram que fazem todo o Sentido.
Assim se fecha o ciclo.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Fecha-se Um Ciclo


Amanhã fecha-se um ciclo.

Nove meses e um dia de trabalho árduo vão ser avaliados em meia hora de exposição, perguntas e debate.

Os nervos estão à flor da pele (bem mais do que deviam), apesar da certeza de um trabalho de equipa bem realizado.

O cansaço acumulado e a ansiedade do desfecho vão-me trair?

Espero que não.

E o que vem a seguir?

A incerteza de um novo começo que ainda não tem linhas traçadas, mas que está quase a começar.

domingo, 22 de julho de 2007

TRINTA... E Agora?!?!? *


O tempo que tudo transforma, transforma também o nosso temperamento.
Cada idade tem os seus prazeres, o seu espírito e os seus hábitos.




* E agora nada? Agora é só continuar a levar a vida com a mesma alegria e disposição de sempre.
Ou seja, com a seriedade da mente de uma criança e com a leveza e a ingenuidade que cada descoberta lhe proporciona

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Mensagens Sem Conteúdo*



Recebidas 2 mensagens:
1 - 'O que faz o Noddy na praia?
Noddismo.'

Remetente
Maria Cachucha
+351987456123

Enviada
12:23:19

2 - 'O que faz o Noddy no casamento?
Nóddar.'

Remetente
Maria Cachucha
+351987456123

Enviada
16:23:42


Agora uma da minha autoria:
- 'O que diz o Noddy no discurso da comemoração das Bodas de Ouro?
Foi assim que fiz o Nóddurar.'



* Finalmente percebi o motivo dos toques despropositados, das SMS sem conteúdo e dos emails sem piada: Quando não há paciência para escrever 'olá tudo bem contigo? Há muito que não trocamos umas palavrinhas', arranja-se um absurdo qualquer para provar que ainda se respira.

É como este meu post, como o tempo e a paciência têm faltado resolvi enchê-lo de nada.

HAJA PACIÊNCIA!!!
FUI.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Tolerância


Ter um espírito aberto
não é tê-lo escancarado a todas as tolices.


Fashion... So Fashionable



Ao que parece os efeitos nocivos da poluição, que têm vindo a provocar profundas alterações climatéricas e ambientais, há muito que também andam a provocar gigantescas alterações nas tendências da moda.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Skin Tone



É engraçado a facilidade com que as pessoas nos atribuem rótulos sem, primeiro, ter o cuidado ou a intenção de querer saber alguma coisa sobre nós.

Não é por acaso que se diz que só temos uma oportunidade para causar uma boa primeira impressão.

Olham-nos e em apenas alguns segundos já nos radiografaram e rotularam, arquivando-nos numa prateleira de um dos muitos compartimentos existentes no seu cérebro.

Está feito. Já estamos catalogados, de acordo com os elevados padrões de exigência e qualidade que cada um reconhece como legítimos e verdadeiros.

Os critérios que justificam esta avaliação, quase sempre hostil e quase nunca verdadeira, são vários, têm a ver com a realidade que cada um conhece e experimentou e são fruto de uma visão limitada, já que têm na sua génese:

- Preconceitos;
- Imposições sociais, políticas, religiosas, raciais;
- Frustrações e medos pessoais;
- Ignorância, etc., etc., etc.…

É algo que nos tira do sério, que nos irrita, que nos deixa desmotivados, mas ao qual, com o tempo, nos vamos habituando, aprendendo (ou não?!?) a lidar e a ignorar e acabando por lhe atribuir a importância devida (nenhuma?!?).

Esta conversa toda porque?

Há umas semanas, a caminho do trabalho, enquanto aguardava uma oportunidade para atravessar a rua ganhei um novo rótulo de três indivíduos que se encontravam no interior de um carro.

No curto espaço de tempo em que o sinal está vermelho tanto para os carros como para os peões, esta tripla entrou em crise existencial e começou a discutir entre eles.

Apanhei a conversa quando eles já estavam tão exaltados que nem o facto de estar com os ouvidos ocupados pela música que saía do meu mp3 me impediu de olhar para ver o que se passava. O motivo da discussão: eu e o meu tom de pele.

ELE 1 - Ela é preta ou é branca?

ELE 2 - Deve ser uma branca que tem a mania que é preta.

ELE 3 - Na, deve ser uma preta que tem a mania que é branca.

A crise durou pouco tempo, já que quando o sinal abriu e o carro arrancou gritaram pela janela:

ELE 1, 2, e 3 - OH PRETA, DEVES TER A MANIA QUE ÉS BRANCA!!!

E pronto, catalogar os outros pode ser um acto rápido, fácil e inconsequente, mas também cruel e despropositado.


Para não ficarem baralhados aqui fica uma breve descrição minha:

Feições algo exóticas, fruto de um olhar com corte asiático, de um cabelo castanho escuro liso e escorrido, de uns lábios que quase se enquadram no para lá de carnudos, de uma anca com muito de africana e, claro está, de um tom de pele que para mim, no Inverno, é amarelo deslavado (pareço doente) e, no Verão, caramelo achocolatado (ando inspirada), os vulgarmente chamados moreno e bronzeado. Ah! É verdade, sou descendente de africanos.

Por isso, no mundo dos que vêem a vida a dois tons (preto e branco), é provável não haver espaço para mim.

Temos pena!