quarta-feira, 28 de março de 2007

Luz que se Apaga


Por querer, pedi que ficasses.
Por gostar, implorei que falasses.
Por amar, roguei que ouvisses.

Apenas ouvi um silêncio gritante.
Apenas senti uma indiferença cortante.
Apenas vi um olhar distante.

Fiquei triste, indignada, pasmada.

Triste por não me amares,
Indignada por não me falares,
Pasmada por não me enfrentares.

Cobardia, ouvi.
Desamor, senti.
Desinteresse, vi.

E no final descobri:

Quando só um ama,
Só um sofre,
Só um sente
E nenhum compreende.


(Janeiro 1999)

sexta-feira, 23 de março de 2007

Média Luz


Faz já aquilo que ainda não sabes que não sabes fazer.

A partir do momento em que te ensinam que não sabes fazer, já não o consegues fazer.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Luz que Confunde



Digo que gosto de ti, de estar contigo, de te ouvir, de sentir que me ouves, de ver que me amas.

Digo que o dia é belo, o sol brilha, o calor queima e a água refresca.

Digo que quando a noite cai a lua desperta e o céu cobre, com o seu manto de estrelas, o meu sono que começa.

Não digo que a noite me amedronta, que não há vento que me desperte quando o sono aperta, que o frio me enrigela os ossos e que não sei ao certo se te amo.

Digo que não sei o que é amar, que só amei uma vez, que este amor me desesperou, que não sei se quero amar outra vez e que o ammor me foge sem eu dar conta.

Não digo que quero evitar amar para não me magoar, que tenho medo de nunca mais me apaixonar.

Não digo que o amor me invade da mesma forma que me foge, silencioso.

Não digo que me dói a minha frieza, que às vezes acho que não tenho sentimentos, que me custa ver que me dão mais do que aquilo que eu dou, que estou disposta ou posso a dar.

Digo que gosto que me amem, que detesto que me esqueçam, que adoro que se lembrem e que me lembro que me esqueço.

Não digo que não me lembro que amo, que esqueço que me esquecem, que detesto quando me esqueço e que esqueçam o que eu adoro.

Digo que gosto de escrever, que me alegra quando aquilo que escrevo me agrada e que ainda bem que consigo escrever.

Não digo que muitas vezes não gosto daquilo que escrevo, que fico triste quando quero escrever e não consigo, que na escrita encontro um desabafo e perco-me do tempo.

Digo o que digo? Não digo!

Guardo tudo numa folha de papel que não mostro a ninguém. Guardo tudo com quem melhor desabafo. Tudo o que digo está escrito e o que não digo, digo através da escrita. Da escrita que me ampara, que me protege, que me dá força e que me deixa destemida para enfrentar tudo e todos de cabeça erguida.

Digo? Não digo!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Luz Intermitente



Digo aquilo que eu penso.
E aquilo que eu penso é aquilo que eu sinto.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Luz da Primavera


Ando um pouco baralhada com os homens e a sua reacção ao chamado 'Efeito Primavera', que ataca a todos por esta altura.

Estou perfeitamente consciente que a Primavera é aquela época do ano em que tudo desponta. As flores, os passarinhos, as hormonas, o prazer, as alergias e tudo o mais que possa haver. Mas não percebo o que faz à pobre cabeça pensante dos homens (à outra já sei que a deixa aos pulos e cheia de pica, o que não é muito diferente do que acontece durante todo o ano).

Lembro-me perfeitamente que este período de grande tensão sexual durava quase tanto como a Estação, depois todos se adaptavam e voltavam para o seu índice normal de sanidade. Mas agora parece que se estende pelo ano todo.

O que mudou? Será que este prolongamento do 'Efeito Primavera' está de algum modo relacionado com as alterações climáticas? Com o efeito de estufa e as emissões de CO2?!?!

Não sei o que mudou mas cada ano que passa fico mais espantada com as reacções primaveris que vejo ou das quais sou vítima.

Ainda há uns dias, fui abordada no msn por um amigo (daqueles com os quais nos envolvemos porque achamos que são algo mais do que uma voltinha, mas que passadas 2 ou 3 semanas nos dizem que só queriam dar umas trincas e no minuto a seguir estão a querer algo mais, porque o que houve foi bom e não devemos desperdiçar a vida) que depois de me fazer uma proposta indecente, ficou amuado comigo porque lhe disse não.

Como não gostou da minha resposta a nossa conversa fluiu assim:

Ele: Pois já percebi que és como o Euromilhões.

Eu: Porquê? Só saio aos outros?

Ele: Ya. Gostas de te fazer de difícil

Eu: Pois, mas mesmo assim todos o querem.

A nossa conversa ficou por aqui (deu-lhe sono). Não sei se ele percebeu que ao contrário dele eu não fiquei em nada ofendida com este nosso diálogo, mas isso também não interessa nada.

Acho que cada vez mais aceito a opinião de uma amiga sobre o comportamento masculino. Se os automóveis fossem movidos a testosterona o fim-de-semana (principalmente 6ª-feira e sábado à noite) era a altura para atestar o depósito.

E mais não digo.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Luz Temporal


11:20

Tenho sono, tenho muitooo sonooooooooooo...

Não consigo prestar atenção a nada e quanto mais me esforço para acompanhar a palestra, mais depressa desligo.

O orador fala sobre o movimento teatral em Almada, 'O Boom de 90'. Isso ainda me recordo e percebo... Entre as suas pausas para ganhar fôlego volto a adormecer. Mas logo a seguir desperto em sobressalto, ora com um timbre mais grave da sua voz bem colocada, ora com um relâmpago de luz imaginável que ofusca os meus olhos. RAIOS!!!!

O olhar trai-me, a visão vai pregando partidas a uma mente que não reage. Reflexo condicionado, suponho.

Não tenho medo de mergulhar no silêncio e na escuridão que me perturbam a escirtaa.

Deixei de pensar. Não ajo, reajo, com alguns minutos de atraso, face aos estímulos que não me deixam descansar.

Q-uu-ee-rr-ooo dormiiiiiir...

Preciso d-oo-rr-mm-iii-r...

Estou a dooormiiir. Sinto o meu corpo leve em cima de uma nuvem suave, muito suave. Os meus lábios sorriem pressentem o descanso merecido chegar...

AHHHHH!!! É booom, é muito bom!... Dormir...

NÃO POSSO! (o interruptor nos meus olhos dispara).

A minha cabeça voltou a parar, os meus movimentos já não existem. Apaguei.

Mais 2 minutos parada. Mais 2 minutos adormecida. Mais 2 minutos com o olhar perdido num qualquer ponto incerto da sala que não consigo fixar. Mais 2 minutos, penso eu... Mas no final, todos somados foram 10 (os 2 minutos extra foram o tempo que demorei a escrever o '10').

Estou sentada ao fundo da sala com a cadeira bem encostada à parede. Não há fuga possível pela rectaguarda. Do meu lado esquerdo uma fila de cadeiras repleta de gente com rostos desconhecidos. Olho mais uma vez, estou perdida. Ao segundo olhar para a esquerda, apercebo-me que são os meus colegas de sempre. que seca! Afinal não estou perdida.

Desvio a cabeça num movimento brusco. Os meus olhos estão novamente a ver um ponto branco indefinido. Esforço-me para não dormir. Tento focar mas continuo a ver branco. MEDO!!!

Faço um restart ao meu sistema operativo, continua tudo branco, mas agora vejo que continuo presa, sem saída, é outra parede da sala que me encurrala. não tenho mais para onde ir.

Resigno-me. Não há mais nada a fazer.

Encosto a cabeça ao meu braço que se apoia no outro braço, o da cadeira. O meu corpo balança na luta interna que mantenho com o cansaço.

Dormiii...
... Perdi-me...
... Pareiiii...
... Parei... A cabeça pesa demais e acaba por tombar sem alento.

Já não aguento. Vou apagar a luz.

O resto que se f#da!

11:55

BOLAAAS, que os minutos não passam!!

quarta-feira, 7 de março de 2007

Luz do Começo


Gosto de luz natural.

Gosto de acordar e sentir, ainda de olhos fechados, o calor reconfortante que os primeiros raios da manhã trazem. É assim que recarrego baterias e começo um novo dia.

Gosto dos fins de tarde extra-longos do Verão.
Gosto das manhãs ensolaradas e frias do Inverno.
Gosto das tardes coloridas da Primavera.
E gosto do pôr do sol num dia quente de Outono.


Gosto de adormecer e continuar a sentir na minha pele a luz e o calor do sol que há muito partiu.

Ahh! É verdade, gosto de luz natural.