quinta-feira, 22 de março de 2012

Da Primavera


Ainda estão a fazer dois dias que ela começou, mas lá no meu trabalho parece que já dura aos meses.

Anda tudo com o 'pito aos saltos', principalmente, desde que entrou uma equipa 'comercial', composta essencialmente por meninas* que ainda estão a chegar aos 25 anos anos e adoram a atenção, os miminhos e os abracinhos que vão trocando entre elas e também com os colegas masculinos** (apesar de uns quantos terem idade para ser pai delas, serem casados e terem filhos na mesma faixa etária).

Os temas das conversas são sempre os mesmos, 'comida, comida, comida', 'noitadas, noitadas, noitadas', 'trocas de experiências, trocas de experiências, trocas de experiências', 'gostos, gostos, gostos', 'fim do mundo, fim do mundo, fim do mundo' e 'troika, troika, troika'. Sendo que qualquer das conversas, em menos de 2 minutos, acaba por cair no 'sexo, sexo, sexo'.

Ontem, por exemplo, quando cheguei estavam a divagar sobre a importância da naturopatia e... no papel que tinha na prática do cunnilingus. Todos se riam ao estilo dos putos de 12/16 anos, quando na aula de Ciências Naturais se fala em contracepção e sistemas reprodutores (os vulgares pénis e vagina).

Eu, que adoro a chegada da Primavera, porque os dias começam a tornar-se bem mais longos do que as noites e a luz torna-se bem mais intensa (o que nos dá para sunsets maravilhosos e para começar a largar os casacos, os casaquinhos e muito mais os casacões), este ano, dei-me conta que ando a rogar ao esquizofrénico do São Pedro que nos dê no mínimo uma semana e meia invernosa e chuvosa para ver se lá no burgo se acalmam.

Ao fim de duas horas de trabalho, quando tenho o azar de ficar no fogo cruzado destas conversas (por lá não há lugares marcados), já estou a dar em louca por não conseguir ouvir os meus próprios pensamentos, por não conseguir trabalhar descansada (gerindo apenas a ansiedade dos clientes stressados) e por sentir que cada vez mais a idiotice é contagiosa. Até quando vou conseguir resistir às tentações diabólicas do meu universo laboral, escapando a este estilo de discurso? É a pergunta que tenho vindo a fazer-me quase todos os dias quando chego ao trabalho.

Para que conste não sou a única a 'queixar-se' desta forma de estar no trabalho, que é alimentada quer por palavras apregoadas, quer por troca de e-mails que chegam a todos.

No mesmo espaço trabalham 4 equipas com funções e graus de responsabilidade distintas. A que mais se queixa é aquela que mais pessoal e mais trabalho tem (da qual faço parte). Contudo, quando nos dirigimos aos supervisores e coordenadores a quem prestamos contas, que são 5 (seriam 6, mas um faz parte do grupo que alimenta constantemente estas idiotices), dizendo que não há condições para trabalhar, a resposta que temos (independentemente de estarmos a falar com o Zé, o Xico, o Manel, a Beta ou a Pat) é que já estão fartos de vestir o fato do mau da fita e serem só eles a chamar a atenção para o barulho, tema de conversa e troca de e-mails. Quando confrontados com um "Mas isto é o que todos os outros dizem e continua tudo na mesma", dizem "O que querem que faça?". Simples, que deixem de estar na tagarelice uns com os outros e juntem as outras equipas e lhes digam como é que se deve estar num local de trabalho partilhado por mais de duas pessoas. Se não conseguirem fazer isso, há voluntários na nossa equipa para o fazer, usando métodos que podem ir desde conversa entre adultos, desenhos para 'crianças' e porrada para 'mal formados'.



*Para não dizerem que é maldade feminina, aqui fica a imagem do único menino que faz parte dessa mesma equipa.
Para além do seu pouco mais de metro e meio e voz efeminada, tem graves problemas de higiene pessoal: 
anda sempre com os dedos nas cavidades nasais, deixando rasto pelas secretárias por onde passa; 
tem uma barba à Jesus Cristo SuperStar muito mal amanhada, com a qual está sempre a brincar
e tem o cabelo empastado,  porque o tem quase pelos ombros e o usa lambido com um 
produto estranho que lhe dá um toque sujo (e sim, as pontas enrolam-se para fora).

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**Entre a minha equipa já anda a correr, isso sim, uma maledicência sobre alguns destes colegas:
Quando no 'esfrega-esfrega' com as respectivas, para conseguirem manter-se firmes e hirtos 
como uma barra de ferro, pensam nas meninas do 'comercial'. Só pode.


6 comentários:

  1. Eu creio que não existe ninguém que julgue ter o ambiente profissional esperado, pelo menos em algumas fases do ano. O que relatas também eu passei por isso imensas vezes, especialmente nos turnos do dia, depois, para minha sanidade fui para as "noites" num ambiente só com mais 3 colegas masculinos em que era cada um numa ilha diferente e assim nos concentravamos no nosso trabalho e... na net ;)

    Durante o dia via-me em muitas dessas conversas. Em algumas opinava, noutras nem por isso, porque aprendi que as paredes têm ouvidos e o pessoal, especialmente no ambiente laboral não é de confiança. Muita gente, devido à convivência acaba por vê-los como amigos e depois desiludem-se.O problema surge quando não queremos entrar nessas conversas, mas é impossível, visto que os bombardeamentos vêem de todos os lados.
    Quanto a essas colegas novinhas é natural, na minha empresa quando entravam novas fornadas de meninas dessas também haviam muitas conversas desse teor, mas somente entre os colegas masculinos. Não dá como se abstrair do brilho e vida que elas dão aos escritórios, seja pro bem ou pro mal, daí não ser de espantar o teu comentário do ** :)

    PS: Em muitos dos teus posts, depois de os ler, volto a lê-los mas de baixo para cima e acabam por me fazer chegar a mais conclusões. Estranho mas é isso que acontece :)

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    1. Esta situação já se mantém há coisa de 7 ou 8 meses (é tempo mais do que suficiente para se habituarem ao bling-bling e shining das meninas) e como ninguém põe um travão nesta história o pessoal vai-se esticando.

      Não me importo que conversem, porque consigo desligar-me do que falam, mantenho-me a trabalhar e de quando em vez atiro alguma boca para o ar para alimentar discórdias ou concórdias. O problema é que quando estão em fogo cruzado, o esforço que faço para tal desgasta e não me deixa concentrar a 100% no que estou a fazer. Muitas vezes, há hora que eles começam a sair, eu já estou tão exausta nem digo coisa com coisa e ainda nem vou a meio do meu turno de trabalho.

      Eu faço o último turno possível, mas o ambiente só começa a acalmar pelas 4 da tarde em diante. A calmaria total só acontece mesmo depois das 7, quando só fica o pessoal da minha equipa, por norma cada um no seu canto. Nesta altura há conversas e as mesmas também podem passar pelos mesmos temas? Há e podem sim. Até porque no fecho sou apenas eu e mais 2 ou 3 colegas do sexo masculino e a partir das 10 da noite, há um (que não sabe o que é silêncio e introspecção e se esquece que o pessoal é colega de trabalho e não amigo) que tem sempre experiências e aventuras a partilhar, baixando demasiado o nível. Ao ponto de eu ter de intervir e dizer, 'não sei se sabes, mas isso não é um café e nós não somos um grupo de amigos ou conhecidos que se juntou para falar das gajas e dos gajos a quem passámos ou deixámos que nos passassem a mão.' O supervisor, que é só peace and love, não consegue fazer nada para o calar, só eu. E tenho que fazer como se faz aos putos, deixá-lo amuado e a dizer que sou má para ele e que já não gosta mais de mim. Infelizmente, é algo que no máximo dos máximos consegue durar pouco mais do que meia hora.

      O teu PS deixou-me intrigada. Será que ando a passar mensagens subliminares? :)

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  2. Ahahahahahah... Estabeleci um paralelismo, com uma época da minha vida, em que acho que própria era assim, falo claro, da minha adolescência, das temperaturas a subir, da roupa a diminuir, das sestas na relva deitada com a cabeça no colo de um qualquer ser do sexo masculino, das mãozinhas dadas, dos guinchinhos e dos risinhos femininos ao partilhar estes segredos com as amigas, também me recordo de uma quadra da altura que vou partilhar:

    "É Primavera, os pássaros fazem-no, as borboletas fazem-no, as abelhinhas fazem-no...
    Queres fazê-lo comigo?" Supostamente as meninas deveriam ser espertas e responder "Lamento, não tenho asas para voar"


    Tudo isto na adolescência, a única altura que eu acho tolerável para esse género de comportamentos, fora dessa idade, esses comportamentos fazem-me lembrar aquelas senhoras com mais de 50 anos que se vestem com teenagers...

    Boa semana*

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    1. Estes comportamentos são toleráveis desde que não se abuse no discurso e não seja o dia todo de trabalho, durante longos meses, a falar do mesmo.

      E, por estranho que te pareça, esta tendência 'Primaveril' abrange uma larga faixa etária. Já há uns anos abordei por aqui estes comportamentos sobre outro ponto de vista, se quiseres: http://www.procura-de-luz-natural.blogspot.pt/2007/03/luz-da-primavera.html

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  3. Isto da Primavera está a dar a volta a muitas cabeças!
    Beijinhos,
    Sofia

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  4. Isto da Primavera está a deixar muitas cabeças a fazer o pino!
    Beijinhos,
    Sofia

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