quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conversa Séria...

… que se seguiu depois disto:


“Sabes, deixei de existir sem ele, deixei de sentir.
Não sou boa companhia para ninguém.
Não me sinto perdida, porque só sou eu quando estou com ele.
Sinto que não vivo nem sobrevivo, apenas deixo-me estar 
como a sombra que aguarda o movimento do seu dono
para ganhar vida.”


- Quando sentimos que dependemos dos outros para sermos nós mesmo e seguir em frente acontece este não existir, este não sentir.

- Sabes, acho que é mais fácil desligar o botão do sentir do que voltar a ligá-lo quando finalmente achamos que o queremos fazer. Cada vez mais acredito que o botão do ‘on’ não fica na mesma posição do botão do ‘off’. Ou então acabei por perder o jeito para sentir.

- Perdeste o jeito? Ou de momento não te dá jeito encontrá-lo?

- Talvez possa ser um pouco dos dois. Mais de um do que de outro. Não sei. Não quero saber de momento.

- Por um momento pensei que fosses buscar o teu célebre ‘não me apetece’.

- Ir buscar o meu ‘não me apetece’ seria óbvio demais.

- Talvez para quem te conheça fosse óbvio demais. Mas não achas que está na hora de largar a tua zona de conforto e seguir em frente?

- Muito se fala em área de conforto. Em sair da área de conforto e seguir em frente. Será que já não segui em frente quando encontrei um equilíbrio em que me sinto bem?

- Encontrar um novo equilíbrio é bom, mas utilizar este novo equilíbrio para não deixar desenvolver outros sentimentos em nós acho que já não é tão positivo.

- Talvez sim, talvez não… Mas como sabes as coisas para acontecerem temos de ser nós a querer. Por muito que tenhamos o mundo todo contra nós, ainda temos de ser nós a querer não ir contra o mundo.

- Falas de ritmos. Cada um tem o seu. Eu sei. Devemos respeitar isso mas de quando em vez gostamos de dar um empurrãozinho quando vemos e sabemos que as coisas podem ir um pouco mais rápido.

- Chegaste aonde eu queria. Respeitar o outro, o ritmo do outro e a vontade do outro. É só isso que se quer. Sei perfeitamente que dá para acelerar as coisas, mas não o faço porque não quero. Porque sinto a pressão que me colocam todos os dias. E como sou do contra e ainda sei o que quero da vida, faço o que quero e sinto ser o melhor para mim.

- Aceito, mas mesmo assim acho que já podias ter passado da teoria à prática. Olhar mais para ti. Usar a tua sabedoria para fazeres algo mais por ti. Usares a tua determinação para ires mais além. Vejo como estás sempre pronta para ajudar a resolver as crises dos outros, sempre de peito aberto para enfrentares os moinhos de vento que não te pertencem, esquecendo-te de ti. Deixando o teu sentir para um segundo plano. É só por isso que preferia ver-te acelerar um pouco mais o teu ritmo.

- Tanto elogio?!?!?... Brincadeirinha… Percebo onde queres chegar, mas de momento sinto-me melhor a abrir os horizontes aos outros do que a abrir os meus. Até acho que  tentando fazer isso aos outros vou aprendendo um pouco mais sobre mim. Percebo que a capacidade de dar sem nada pedir ainda existe.

-Mas pensavas que tinhas perdido a capacidade de dar? Acho que esta é uma das tuas qualidades que consegues manter intacta.

- Às vezes acho que esqueço-me quando e como a devo usar.

- Será uma questão de saber? Ou uma questão de quereres deixar-te levar?

- Será…

2 comentários:

  1. Já li duas vezes e acredita, estou sem opinião definida mas não concordo que "tentando fazer isso aos outros vou aprendendo um pouco mais sobre mim". O empirismo é muito importante na vida e por mais que vejamos nos outros situações nossas, que possamos "aprender" com situações agradáveis ou penosas que os outros passaram, nunca será a mesma coisa que é quando acontece connosco.

    Não juro, mas a abertura que algumas pessoas têm para contigo, tu já não tens para essas mesmas pesssoas :)

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  2. Também já li duas vezes o teu comentário para tentar percebê-lo :)

    Aceito que não concordes com o "tentando fazer isso aos outros vou aprendendo um pouco mais sobre mim", também tive alguma dificuldade em conseguir entranhá-lo.

    Mas tendo em conta que a pessoa em questão levou uma forte 'pancada' que a levou a deixar de acreditar na sua própria capacidade de avaliar o carácter dos outros e, assim, a desligar-se/distanciar-se dos outros, ter a capacidade de ajudar os amigos que a procuram, estando sempre lá quando é preciso, vai-lhe demonstrando que, apesar de ter criado um muro em seu redor difícil de transpor, ainda tem a capacidade de se dar/dedicar àqueles que conseguem ou ela deixa transpor esta barreira. Havendo reconhecimento desta sua capacidade quer de quem tem o prazer de conviver com ela, quer, actualmente, da parte dela.

    De momento, ela racionalmente entende que deveria ir um pouco mais além na forma como está com outras pessoas e encara a vida, mas instintivamente ainda não consegue fazer cair esta barreira no tempo certo.

    Estes pequenos gestos e atenções que ela tem para com os outros vão-lhe demonstrando que, de facto, continua a conseguir dar-se aos outros e que é uma pessoa válida como qualquer outra para, caso pretenda, viver abertamente os seus sentimentos sem se prender ao passado.

    O que não consegui entender mesmo foi a parte final do teu comentário: 'Não juro, mas a abertura que algumas pessoas têm para contigo, tu já não tens para essas mesmas pessoas :)' Mas talvez o consigas explicar melhor ;)

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