terça-feira, 3 de abril de 2007

Luz Interior

Há uns dias, no âmbito da formação, participei no workshop de criatividade 'Pensar com a Barriga'.

Para além de estar num sítio com uma vista deslumbrante, com o Cristo Rei e a Ponte 25 de Abril a servirem de moldura à cidade de Lisboa, estive cerca de 4 horas a 'Pensar com o Corpo' e outras tantas a 'Sentir com a Cabeça'.

Algo estranho, cansativo, mas interessante. Passo a explicar.

'Pensar com o Corpo': ao som de música para nos fazer esquecer de usar a cabeça, rebolar pelo chão (gelado diga-se de passagem), estabelecer contacto visual, sentir e trocar energias numa dança algo tribal, onde a única regra é a nossa imaginação, e que nos transporta às origens. No final relaxar e massajar o corpo dorido por se ver mexido.

Pausa para almoço, comida vegetariana porque o dia é para refeições ligeiras, mais meia hora a aproveitar o sol, fazendo a fotossíntese e recarregando baterias, e depois recomeçar.

Desta vez vamos tentar estabelecer uma ligação entre os dois hemisférios do nosso cérebro (vulgos Tico e Teco) e dar primazia à emoção, esquecer a razão (como se isso fosse possível).

Como é 'Sentir com a Cabeça'?

A música e uma voz bem colocada, a lembrar voz de cama (ah! Que sonooo!), pretendem induzir-nos numa viagem pelo nosso interior da cabeça aos pés, sentido, tocando cheirando e vendo o ar a invadir lentamente todo o nosso corpo e circular nos pulmões, assim como o sangue que é bombeado pelo nosso coração.

E o coração é o destino final da viagem, é necessário lá entrar, ver o que tem a caixa: Está aberta ou fechada? Contém algo? Queremos e conseguimos ver o que tem dentro?

Também é preciso procurar e tentar manter uma conversa com 4 dos nossos 'Eus' e responder às perguntas que fazem.

No final é preciso escrever como foi, ler em voz alta enquanto caminhamos pela sala, partilhar parágrafos, emoções e sensações quando os outros se cruzam no nosso caminho e somos forçados a fixar o olhar. Algo que não queria fazer por não querer entrar em contacto com o meu interior e desta viagem resultou o seguinte:


"Foi estranho.
Custou a entrar.
Durante o caminho perdi-me.
Entrei na escuridão, apaguei.
Voltei de novo com o rufo vibrante de um tambor.
O coração custou a abrir,
eu não queria entrar.
Quando a caixa surgiu estava fechada,
quis logo saber o que tinha dentro.
Não tive resposta às perguntas.
Não me lembro de como saí.
Não me lembro de ver cores para além do
vermelho violeta do coração.
Tudo é escuridão.
Voltei e relaxei.
O sobressalto foi-se."


O que isso quererá dizer?

2 comentários:

  1. Tenho de te dizer... estou a adorar o teu blog. tens muito jeito para escrever e a tua escrita é viciante... começo a ler e tenho pena que acabe...
    Continua... serei com certeza leitora fiel.
    Beijokas

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  2. Já sabes que és sempre bem vinda aqui e está à vontade para ler ou comentar.

    Bjkas

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