Ainda estão a fazer dois dias que ela começou, mas lá no meu trabalho parece que já dura aos meses.
Anda tudo com o 'pito aos saltos', principalmente, desde que entrou uma equipa 'comercial', composta essencialmente por meninas* que ainda estão a chegar aos 25 anos anos e adoram a atenção, os miminhos e os abracinhos que vão trocando entre elas e também com os colegas masculinos** (apesar de uns quantos terem idade para ser pai delas, serem casados e terem filhos na mesma faixa etária).
Os temas das conversas são sempre os mesmos, 'comida, comida, comida', 'noitadas, noitadas, noitadas', 'trocas de experiências, trocas de experiências, trocas de experiências', 'gostos, gostos, gostos', 'fim do mundo, fim do mundo, fim do mundo' e 'troika, troika, troika'. Sendo que qualquer das conversas, em menos de 2 minutos, acaba por cair no 'sexo, sexo, sexo'.
Ontem, por exemplo, quando cheguei estavam a divagar sobre a importância da naturopatia e... no papel que tinha na prática do cunnilingus. Todos se riam ao estilo dos putos de 12/16 anos, quando na aula de Ciências Naturais se fala em contracepção e sistemas reprodutores (os vulgares pénis e vagina).
Eu, que adoro a chegada da Primavera, porque os dias começam a tornar-se bem mais longos do que as noites e a luz torna-se bem mais intensa (o que nos dá para sunsets maravilhosos e para começar a largar os casacos, os casaquinhos e muito mais os casacões), este ano, dei-me conta que ando a rogar ao esquizofrénico do São Pedro que nos dê no mínimo uma semana e meia invernosa e chuvosa para ver se lá no burgo se acalmam.
Ao fim de duas horas de trabalho, quando tenho o azar de ficar no fogo cruzado destas conversas (por lá não há lugares marcados), já estou a dar em louca por não conseguir ouvir os meus próprios pensamentos, por não conseguir trabalhar descansada (gerindo apenas a ansiedade dos clientes stressados) e por sentir que cada vez mais a idiotice é contagiosa. Até quando vou conseguir resistir às tentações diabólicas do meu universo laboral, escapando a este estilo de discurso? É a pergunta que tenho vindo a fazer-me quase todos os dias quando chego ao trabalho.
Para que conste não sou a única a 'queixar-se' desta forma de estar no trabalho, que é alimentada quer por palavras apregoadas, quer por troca de e-mails que chegam a todos.
No mesmo espaço trabalham 4 equipas com funções e graus de responsabilidade distintas. A que mais se queixa é aquela que mais pessoal e mais trabalho tem (da qual faço parte). Contudo, quando nos dirigimos aos supervisores e coordenadores a quem prestamos contas, que são 5 (seriam 6, mas um faz parte do grupo que alimenta constantemente estas idiotices), dizendo que não há condições para trabalhar, a resposta que temos (independentemente de estarmos a falar com o Zé, o Xico, o Manel, a Beta ou a Pat) é que já estão fartos de vestir o fato do mau da fita e serem só eles a chamar a atenção para o barulho, tema de conversa e troca de e-mails. Quando confrontados com um "Mas isto é o que todos os outros dizem e continua tudo na mesma", dizem "O que querem que faça?". Simples, que deixem de estar na tagarelice uns com os outros e juntem as outras equipas e lhes digam como é que se deve estar num local de trabalho partilhado por mais de duas pessoas. Se não conseguirem fazer isso, há voluntários na nossa equipa para o fazer, usando métodos que podem ir desde conversa entre adultos, desenhos para 'crianças' e porrada para 'mal formados'.
*Para não dizerem que é maldade feminina, aqui fica a imagem do único menino que faz parte dessa mesma equipa.
Para além do seu pouco mais de metro e meio e voz efeminada, tem graves problemas de higiene pessoal:
anda sempre com os dedos nas cavidades nasais, deixando rasto pelas secretárias por onde passa;
tem uma barba à Jesus Cristo SuperStar muito mal amanhada, com a qual está sempre a brincar
e tem o cabelo empastado, porque o tem quase pelos ombros e o usa lambido com um
produto estranho que lhe dá um toque sujo (e sim, as pontas enrolam-se para fora).
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**Entre a minha equipa já anda a correr, isso sim, uma maledicência sobre alguns destes colegas:
Quando no 'esfrega-esfrega' com as respectivas, para conseguirem manter-se firmes e hirtos
como uma barra de ferro, pensam nas meninas do 'comercial'. Só pode.