Tenho um amigo que de momento está a passar por uma situação familiar difícil. Sendo que, a título de desabafo, escreveu sobre a revolta que está a sentir por nada poder fazer para alterar o decurso natural da vida. O qual acha injusto.
Devido aos anos de convívio que já temos e sabendo que ele nunca soube lidar com a finitude do ser humano, nem mesmo com o processo de envelhecimento que tal impõe, não me surpreendeu que usa-se da palavra escrita para expressar o que lhe vai na alma.
O que me deixou realmente surpresa foi a forma escolhida para libertar toda a dor que o atormenta. Virou-se contra um deus, no qual diz ter deixado de acreditar aos 6 anos (quando pela primeira vez viu-se confrontado com a angústia da perda de um ente querido), e virou-se contra a crença nunca perdida neste mesmo deus por parte de quem agora está prestes a partir, mesmo quando enfrenta um grande sofrimento.
No final da leitura do que ele escreveu, o que me ficou a matutar na cabeça é que todo este seu desabafo nada tem a ver com a sua descrença nesse deus, mas sim com a sua revolta perante a vida. Já que, a meu ver, quem não acredita num deus, não lhe atira com as culpas pelos desconfortos que a vida nos dá.
Apenas e só vi alguém que, desde os 6 anos, não conseguiu fazer as pazes com a vida, nem aceitá-la como ela é. Simplesmente, manteve a sua postura birrenta de criança que ouviu um 'não' que detestou e assim se mantém. Virou-lhe as costas e nunca mais quis saber desta sua característica finita.
Dizer um adeus definitivo dói, mas tal não deve acarretar não o fazer. Podemos não compreender ou querer aceitar, mas devemos dar espaço para este adeus passar e deixar a sua marca em nós. Para que, quando a dor causada for apaziguada, haja espaço para mantermos na memória a oportunidade que tivemos para ser felizes quando partilhámos, por momentos, a vida.
Fechar-lhe a porta, fingindo a sua não existência, não é solução.
Devido aos anos de convívio que já temos e sabendo que ele nunca soube lidar com a finitude do ser humano, nem mesmo com o processo de envelhecimento que tal impõe, não me surpreendeu que usa-se da palavra escrita para expressar o que lhe vai na alma.
O que me deixou realmente surpresa foi a forma escolhida para libertar toda a dor que o atormenta. Virou-se contra um deus, no qual diz ter deixado de acreditar aos 6 anos (quando pela primeira vez viu-se confrontado com a angústia da perda de um ente querido), e virou-se contra a crença nunca perdida neste mesmo deus por parte de quem agora está prestes a partir, mesmo quando enfrenta um grande sofrimento.
No final da leitura do que ele escreveu, o que me ficou a matutar na cabeça é que todo este seu desabafo nada tem a ver com a sua descrença nesse deus, mas sim com a sua revolta perante a vida. Já que, a meu ver, quem não acredita num deus, não lhe atira com as culpas pelos desconfortos que a vida nos dá.
Apenas e só vi alguém que, desde os 6 anos, não conseguiu fazer as pazes com a vida, nem aceitá-la como ela é. Simplesmente, manteve a sua postura birrenta de criança que ouviu um 'não' que detestou e assim se mantém. Virou-lhe as costas e nunca mais quis saber desta sua característica finita.
Dizer um adeus definitivo dói, mas tal não deve acarretar não o fazer. Podemos não compreender ou querer aceitar, mas devemos dar espaço para este adeus passar e deixar a sua marca em nós. Para que, quando a dor causada for apaziguada, haja espaço para mantermos na memória a oportunidade que tivemos para ser felizes quando partilhámos, por momentos, a vida.
Fechar-lhe a porta, fingindo a sua não existência, não é solução.
Fechar a porta às coisas nunca é nem será solução. Pode ser, aparentemente, a mais "fácil", a que menos espaço deixa para questões, muitas delas sem resposta. Dar tempo ao tempo, reflectir, ponderar. É o caminho que eu seguiria.
ResponderEliminarBeijinhos,
Sofia
Aceitar o caminho da vida é difícil, já que não lhe podemos escapar. Virar-lhe costas, fechando-lhe as portas, não nos leva a apreciá-la e desfrutá-la com pés e cabeça.
EliminarProvavelmente essa pessoa vive em conflito consigo próprio desde criança, e vê nessa negação um género de desafio e de vitória que só existe na sua cabeça.
ResponderEliminarOutra coisa interessante aqui foi o facto de mencionares que as pessoas que não acreditam em Deus não deve lhe atirar pedras, nem criticar quem acredita nessa entidade.
Exactamente. Esta pessoa é daquelas que vê-se e sente-se envelhecer quando o corpo já não rende o mesmo que rendia há 10 ou, mesmo, há 20 anos e grita para si próprio um "Não quero, não quero, não quero!", com finca pé. Ao ver-se ao espelho só surge reflectida a imagem que tinha aos 25 anos, no máximo.
EliminarQuanto ao outro ponto que focaste, acredito que devemos ser tolerantes com as crenças de cada um, de nada nos serve cair num fanatismo pró ou contra. Equilíbrio, é isso que se deve manter.