sábado, 30 de abril de 2011

Do Casamento Real...

.... Que juro que não vi (simplesmente porque não quis)*, mas que acabei por acompanhar assim:


[Amiga] · 10:50
Alô,
Estás a ver o casamento?
[Eu] · 10:50
Olá, olá,
Não, não estou, porquê?
[Amiga] · 10:50
Nada,
Estava só a perguntar
:-P
[Eu] · 10:51
Não faz parte dos meus planos para o dia de hoje
[Amiga] · 10:51
:-)
Eu há falta de melhor, cá estou
:-P
[Eu] · 10:52
São opções.
Hoje, julgo que meio mundo está ruído de inveja de quem não trabalha
[Amiga] · 10:53
Eu não :-S
Mas pronto
Ainda acredito em contos de fadas e gosto de ver estas coisas.
[Eu] · 10:53
...
[Amiga] · 10:57
Está tudo bem amiga?

Ao fim de 7 minutos de conversa, não foi mau ter-se lembrado de perguntar como estou e eu aproveitei para ir à minha vidinha.






A [Amiga]** bateu o recorde das actualizações de estado. Em duas horas colocou 15 entradas referentes ao casamento, que vão desde a comunicação que o vai ver na TV; Que gosta disto e que não gosta daquilo (a parte fashion da coisa); Que está comovida; Que é o casamento do século até vir a ocorrer o dela; Que derramou umas lágrimas; Que os votos dos noivos são palavras lindas; Que é romântico a noiva não saber onde vai passar a lua-de-mel; Que agora estão a jurar fidelidade e que traduzem o hino. Claro está, que quase todas estas actualizações tiveram pelo menos 10 comentários, quase ao segundo de quem via e de quem não via a cerimónia.

Os que não viram acabaram quase todos por publicar uma entrada do género: Será que sou o único que não está minimamente interessado em ver o casamento real?, havendo quem com esta actualização tivesse batido o recorde dos comentários.

Mas a entrada que mereceu o meu 'Like' foi a que não teve nenhum comentário e saiu directamente do:












Como a vida não é só tecnologias, ainda tive a senhora minha mãe*** a partilhar comigo ao vivo e a cores as peripécias do casório:

- Os comentadores da SIC (a Júlia e a Ana) não se calaram durante a cerimónia e só falavam em suposições de protocolo. Disseram que a noiva ainda não sabe acenar e que a mãe da noiva deveria ter levado umas luvas, senão vestidas pelo menos nas mãos. Ah! e também estiveram a mostrar os copos que iam ser usados e a falar do serviço de loiça.

- A TVI mandou o Goucha para Londres não sei muito bem para fazer o quê, mas também não gosto do programa dele.

- Na RTP o D. Duarte estava a comentar juntamente com o J. R. dos Santos quiseram fazer a coisa com ar de noticiário, mas a voz do D. Duarte deu-me sono e acabei por adormecer e não fazer a tempo e horas o que tinha planeado.

*-*-*-*-*

*Deve ter sido pelo meu desdém para com a cerimónia real que perdi o casaco e apanhei uma molha, 
que me deixou como um pinto e a bater o dente de frio,  quase quase a chegar a casa.
Agora, vou para a banheira a ver se aqueço e me livro de todo este mel real
que mel deixou bastante nauseada e, a modos que, pegajosa.
 
**Definitivamente, é totalmente desocupada e anda à procura do que fazer.
Com muita pena minha, está sempre a ir aos locais errados.

***Merecidamente desocupada, após muitos e longos anos
a contribuir arduamente para a economia deste país.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Lisboa, Um Quotidiano

Os galos cantam anunciando o nascer de um novo dia. Do meio do Cruzeiro, no início da freguesia da Ajuda, ouve-se o ecoar dos sinos que, do alto da Igreja da Boa-Hora, tocam em compasso cadente as seis horas. Mais um dia começa cheio de sol parecendo Primavera, mas a temperatura baixa e a ausência das aves migratórias recorda às mentes mais distraídas que o Inverno ainda está para ficar.

Da janela da cozinha oiço, enquanto olho a paisagem que se estende à minha volta, ao longe, muito ao longe, os barcos no Tejo a assinalarem a sua presença e, um pouco mais ao alto, um leve som do comboio a passar pela ponte.

Na rua andam descontraídas as senhoras que, ainda de pijama e robe vestidos, de chinelos calçado e cabelo desgrenhado, vão à padaria comprar pão fresco para o pequeno almoço.

Por volta das oito, ganho coragem para enfrentar um novo dia e saio de casa para a universidade. Na rua vêem-se já algumas pessoas apressadas para o trabalho e outras ainda a levarem os mais novos à escola. Muitos deles, coitados, ainda meio ensonados quase que vão arrastados pelo caminho.

Por entre passeios de terra, herança de uma outra época de antigas quintas, das quais apenas resta o velho portão e algumas pequenas hortas ainda hoje tratadas por alguns vizinhos, e outros já ladrilhados, caminho para a paragem do autocarro. Pelo caminho passam por mim algumas pessoas num caminhar apressado e pesado e um grupo de crianças que vai para a escola num grande reboliço, atropelando-se mutuamente ao tentarem todas elas contar em simultâneo as suas aventuras. Toda esta energia contrasta com o meu caminhar sereno, despreocupado e preguiçoso, que é apenas uma forma que encontrei para não me deixar envadir logo pela manhã pelo stress da vida da cidade.

Quando chego à paragem já uma fila de pessoas se forma, são sempre as mesmas caras, mas nunca ninguém se fala, e da esquina um pouco mais à frente vem um forte aroma a café e pão quente que aquece por breves instantes a manhã fria. O autocarro passa, mas mesmo tendo pressa prefiro esperar pelo eléctrico, que tem um ritmo inverso ao da cidade a esta hora e que permite uma viagem menos atribulada e acidentada.

Do lado esquerdo para quem vem de Alcântara, encontram-se as intermináveis filas de carros que caracterizam o pára/arranca do trânsito em Lisboa e a zona do comércio de dia. Do lado oposto, a linha de comboio separa a cidade do rio, da actividade ribeirinha e da zona dos grandes armazéns, muitos deles transformados em locais de diversão nocturna, dando muita cor à noite de Lisboa e transformando-a numa outra cidade.

Vejo passar a zona residencial e as antigas zonas industrial e comercial de Alcântara e por entre inúmeras obras que se estendem pelo caminho, erguendo novos e modernos edifícios e construíndo novas e amplas avenidas, vislumbro os deslumbrantes edifícios antigos, como o imponente Museu das Janelas Verdes, e alguns prédios de dois a três andares que, apesar de desgastados pelo tempo, ainda conseguem encantar pela sua arquitectura e cores alegres.

Ao chegar ao fim da viagem, apesar de não passar pelo mercado mais conhecido de Lisboa, 'A Ribeira', sinto no ar a azáfama dos vendedores que durante anos a fio fazem do mercado a sua segunda casa e dele tentam tirar o seu sustento, sem nunca parecerem desanimar.

No final da tarde, com a cidade mais calma e no regresso a casa, entrevêem-se nas ruas os rostos cansados, que um sorriso amarelo mal consegue disfarçar, e o trocar de face da cidade que, como uma mulher, parece ganhar vida e força para se vestir de luz e cor, entrando na noite para arrasar.

Todo este mundo fica para trás quando chego a casa e oiço, nos seus latidos e mios noctívagos, os cães e os gatos do bairro e, à porta de casa, já sinto o cheiro do jantar pronto a ir para a mesa. Nesta altura, chega, pelo menos para mim, o fim de um dia de Lisboa.


Escrito num dia esquecido no final de 1999 ou inícios de 2000.
Seja como for, foi no século passado. 


sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Viagem de Autocarro

Os casalinhos no autocarro.

Nada de novo para quem já teve a infelicidade de fazer uma viagem de Almada Lisboa, com acidente antes de entrar na Ponte 25 de Abril, 30º à sombra e um casal tão, mas
tão, tão apaixonado que quando cheguei a casa, após 1 hora de tortura, tive que tomar banho para me recompor, não do cansaço de mais um dia, não do calor abrasador que se fazia sentir, mas devido ao cheiro e ao som ainda a ecoar nos meus ouvidos de tanta troca de fluído salival (só de escrever já me voltei a sentir assim... a modos que... a precisar de novo banho).

Pronto, eu paro de criar imagens mentais desagradáveis na cabecinha dos outros e na minha e vou directa à minha aventura.

Os phones e a leitura fazem parte integrante das minhas viagens de autocarro, por isso não é preciso contextualizar o que estava a fazer. Se calhar é melhor.

Pronto. Estou eu, num dia de folga no início da semana (daquelas semanas que começam bem, porque no fim de semana não se trabalhou e também ainda faltam mais 2 dias para voltar ao trabalho), a curtir a minha música e embrenhada na minha leitura numa viagem de autocarro, quando, entre o fim de uma música e o início de outra, que coincidiu com um virar de página do livro, oiço uma voz feminina naquele estilo bilu bilu bilu (isto é, em tom de quem está a falar com uma criança, mas acha que ela não a apercebe porque tem algum problema auditivo ou mesmo que é de compreensão lenta) a perguntar a alguém:
- Atão bebé, o que temos neta barriguinha boa qu'eu góto tanto? - Assustador, eu sei.
- 3 pastéis de nata. 2 sandes de queijo. Eeeeeee... 2 latas de coca-cola. - diz uma voz masculina, em tom confiante, que demonstra um sorriso de orelha a orelha de tanto orgulho por tamanho feito.
- Hummmmmmm, nham nham... - diz a voz feminina enquanto lhe faz cafuné na barriga e lhe empanturra de beijos ensurdecedoramente audíveis.


Escusado será dizer que nesta altura da conversa estava desejosa de ver quem eram os actores de tamanha bizarria amorosa que me deixou um tamanho mau estar e só a pensar que precisava de um banho urgente.

domingo, 17 de abril de 2011

Imagine

Conheci-a assim:


Por acaso, redescobri-a assim:



E depois, deram-ma a ouvir assim:


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Conversa Séria...

… que se seguiu depois disto:


“Sabes, deixei de existir sem ele, deixei de sentir.
Não sou boa companhia para ninguém.
Não me sinto perdida, porque só sou eu quando estou com ele.
Sinto que não vivo nem sobrevivo, apenas deixo-me estar 
como a sombra que aguarda o movimento do seu dono
para ganhar vida.”


- Quando sentimos que dependemos dos outros para sermos nós mesmo e seguir em frente acontece este não existir, este não sentir.

- Sabes, acho que é mais fácil desligar o botão do sentir do que voltar a ligá-lo quando finalmente achamos que o queremos fazer. Cada vez mais acredito que o botão do ‘on’ não fica na mesma posição do botão do ‘off’. Ou então acabei por perder o jeito para sentir.

- Perdeste o jeito? Ou de momento não te dá jeito encontrá-lo?

- Talvez possa ser um pouco dos dois. Mais de um do que de outro. Não sei. Não quero saber de momento.

- Por um momento pensei que fosses buscar o teu célebre ‘não me apetece’.

- Ir buscar o meu ‘não me apetece’ seria óbvio demais.

- Talvez para quem te conheça fosse óbvio demais. Mas não achas que está na hora de largar a tua zona de conforto e seguir em frente?

- Muito se fala em área de conforto. Em sair da área de conforto e seguir em frente. Será que já não segui em frente quando encontrei um equilíbrio em que me sinto bem?

- Encontrar um novo equilíbrio é bom, mas utilizar este novo equilíbrio para não deixar desenvolver outros sentimentos em nós acho que já não é tão positivo.

- Talvez sim, talvez não… Mas como sabes as coisas para acontecerem temos de ser nós a querer. Por muito que tenhamos o mundo todo contra nós, ainda temos de ser nós a querer não ir contra o mundo.

- Falas de ritmos. Cada um tem o seu. Eu sei. Devemos respeitar isso mas de quando em vez gostamos de dar um empurrãozinho quando vemos e sabemos que as coisas podem ir um pouco mais rápido.

- Chegaste aonde eu queria. Respeitar o outro, o ritmo do outro e a vontade do outro. É só isso que se quer. Sei perfeitamente que dá para acelerar as coisas, mas não o faço porque não quero. Porque sinto a pressão que me colocam todos os dias. E como sou do contra e ainda sei o que quero da vida, faço o que quero e sinto ser o melhor para mim.

- Aceito, mas mesmo assim acho que já podias ter passado da teoria à prática. Olhar mais para ti. Usar a tua sabedoria para fazeres algo mais por ti. Usares a tua determinação para ires mais além. Vejo como estás sempre pronta para ajudar a resolver as crises dos outros, sempre de peito aberto para enfrentares os moinhos de vento que não te pertencem, esquecendo-te de ti. Deixando o teu sentir para um segundo plano. É só por isso que preferia ver-te acelerar um pouco mais o teu ritmo.

- Tanto elogio?!?!?... Brincadeirinha… Percebo onde queres chegar, mas de momento sinto-me melhor a abrir os horizontes aos outros do que a abrir os meus. Até acho que  tentando fazer isso aos outros vou aprendendo um pouco mais sobre mim. Percebo que a capacidade de dar sem nada pedir ainda existe.

-Mas pensavas que tinhas perdido a capacidade de dar? Acho que esta é uma das tuas qualidades que consegues manter intacta.

- Às vezes acho que esqueço-me quando e como a devo usar.

- Será uma questão de saber? Ou uma questão de quereres deixar-te levar?

- Será…

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Porque Não? (Reeditado)

Porque, hoje, mais uma vez fui 'tentada' com o passado, voltei a desenterrar este pequeno discurso interno, de 2009. Dois anos volvidos, a ter calhado ouvir tocar e atender o telemóvel a minha resposta ao teu convite seria a mesma:

"A recordação que guardo de ti é a que surge sempre quando fecho os olhos e num exercício premeditado viajo ao passado. Não preciso de fotos, não me socorro de cartas de amor trocadas, apenas concentro-me nas imagens quase reais que a minha memória projecta.

Por um momento volto a sentir-te, volto a tocar-te, volto a cheirar-te e volto a ouvir-te.

Como um trailler que guarda as melhores cenas de um filme, revejo a nossa história, revivo-a com a mesma intensidade que a primeira vez traz. Reconstruo os nossos melhores momentos e quando consigo vislumbrar o ser perfeito que arrebatou o meu coração e que com um simples sorriso revolucionou os meus sentimentos, sem qualquer intenção, congelo a imagem. Percebo que é esta a recordação que continuo a querer guardar de ti.

Neste instante abro os olhos e sorrio. E continuo firme na minha recusa de te rever.

Porque o que houve entre nós foi bom. De ti só quero guardar a imagem filtrada do olhar apaixonado."

Como uma SMS não dá para muito, tudo reduziu-se a um: 'Olá. Muito obrigada pelo convite, mas não vai dar. Longe vai este tempo. Bj'

Can't Take My Eyes Off You

Conheci-a assim:


Por acaso redescobri-a assim:


E depois deram-ma a ouvir assim:

sábado, 2 de abril de 2011

Só Eu?

Tenho uma amiga que tomou a liberdade de dar os meus contactos de email e telemóvel a um 'frenchie' que ela conheceu numa das suas muitas viagens por este mundo fora através do Couch Surfing. Claro está, que nem se lembrou de perguntar, antecipadamente, se eu me importava com isso*.

E lembrou-se de dar os meus contactos porque:

- O 'frenchie' enviou-lhe um pedido de couch;
- Ela não o pôde aceitar, pois há uns meses que deixou este nosso belo país à beira mar plantado para ingressar numa aventura de descoberta profissional além-fronteiras;
- O 'frenchie' foi um bom 'coucher' quando a recebeu;
- Ela não quis deixar o menino agarrado, já que ele vinha em visita de estudo (o pobre coitado anda a tirar um Master em Vinhos que o vai 'obrigar' a viajar por 22 países produtores e consumidores do néctar de Baco até Agosto);
- Acima de tudo, segundo ela "o 'frenchie'  é agradável à vista e ao intelecto" e "pronto, tiravas umas lascas, afinal não é todos os dias que se apanham uns charmosos entendidos em vinhos e cultos :P a dar sopa por aí né!"**

Como é óbvio, o 'frenchie' lá entrou em contacto comigo, não para couch (que não tem nada a ver comigo) mas para combinar um 'xiripiti' que à última hora transformou-se num jantar de  quatro quase perfeitos desconhecidos.


 Então, a nós juntaram-se o 'pseudo-coucher' que acolheu o 'frenchie' em Lisboa - americano radicado em Lisboa há um par de anos que para variar ainda não fala nada de português (tirando pedir comida e bebidas, mas pelo menos prefere a  maionese ao ketchup) - e a 'Córsega' - que também foi louca o suficiente para se mudar para Lisboa, mas que pelo menos já domina o português).

O jantar fez-se acompanhar por uma mistura de conversas e gargalhadas, em português, inglês, francês, 'portucês' e 'franglês'.

Portanto, deu para gozarmos com o master do 'frenchie', com as diferenças entre americanos, franceses e portugueses, com o significado do mignon do filé e também debater a finalidade do Couch Surfing (que como disse o 'pseudo-coucher' é uma modernice que só o 'frenchie' pratica). Sendo que, enquanto aguardávamos pela conta, eu e a ´Córsega' estivemos a ensinar algum calão ao 'frenchie': "Bué fixe!" e "Tásse?" "Tásse bem." para ele não estar a usar o brasileiro 'legau'.


Só posso dizer que, apesar da minha resistência inicial em ir jantar, acabei por me divertir... And at the end of the night I felt quite drunk!***


* A sorte dela é que ela é "A Amiga" (mesmo que desvairada e inconsequente)
** Apesar de culto e charmoso é como o couch Surfing, não tem nada a ver comigo
*** Resta saber se por causa do excesso de álcool ou da salganhada de línguas faladas