Olho ao espelho e procuro cada ser que os outros dizem que sou. Procuro a Mariza do trabalho, a Mariza da formação, a Mariza do Vicente e da Fernanda, a Mariza amiga de fulano e de sicrano.
Procuro cada um destes seres que eu sou. Cada um destes seres que tem uma personalidade distinta de acordo com a imagem que cada um tem de mim. Procuro as diferenças físicas, mas não encontro. Procuro as diferenças psicológicas, mas não as acho.
Confundo cada um destes seres todos os dias. Não consigo ser fiel a apenas um deles, o que confunde as pessoas.
Sempre que altero as atitudes e elas não se encaixam na imagem da Mariza que beltrano tem de mim já não sou a 'tal Mariza'. Sou outra pessoa, que beltrano não conhece ou não quer conhecer, pois não quer alterar a imagem perfeita da Mariza que para ele sou.
Nada posso fazer. Não consigo controlar a pessoa que sou hoje nem prever a que serei amanhã. Dependo de tudo o que experiencio e vivo a cada fracção de segundo.
Cada instante da vida faz nascer uma nova Mariza, assim como cada nova amizade, cada nova atitude, cada novo comportamento, cada novo pensamento e cada novo sentimento. Medo? Não sinto. Só uma grande felicidade por poder ser tantas pessoas assim. Só tenho uma oportunidade, uma vida, para ser a Mariza.
Dupla personalidade? Não, não sofro. Sou uma pessoa diferente a cada novo desafio, mas ao espelho vejo sempre a mesma Mariza. A Mariza que sou neste momento e que, em pouco ou nada, se distingue dos anteriores reflexos que vi.
*Ou a imagem que os outros guardam de nós e que se reflecte na forma como vêem os nossos actos.
Procuro cada um destes seres que eu sou. Cada um destes seres que tem uma personalidade distinta de acordo com a imagem que cada um tem de mim. Procuro as diferenças físicas, mas não encontro. Procuro as diferenças psicológicas, mas não as acho.
Confundo cada um destes seres todos os dias. Não consigo ser fiel a apenas um deles, o que confunde as pessoas.
Sempre que altero as atitudes e elas não se encaixam na imagem da Mariza que beltrano tem de mim já não sou a 'tal Mariza'. Sou outra pessoa, que beltrano não conhece ou não quer conhecer, pois não quer alterar a imagem perfeita da Mariza que para ele sou.
Nada posso fazer. Não consigo controlar a pessoa que sou hoje nem prever a que serei amanhã. Dependo de tudo o que experiencio e vivo a cada fracção de segundo.
Cada instante da vida faz nascer uma nova Mariza, assim como cada nova amizade, cada nova atitude, cada novo comportamento, cada novo pensamento e cada novo sentimento. Medo? Não sinto. Só uma grande felicidade por poder ser tantas pessoas assim. Só tenho uma oportunidade, uma vida, para ser a Mariza.
Dupla personalidade? Não, não sofro. Sou uma pessoa diferente a cada novo desafio, mas ao espelho vejo sempre a mesma Mariza. A Mariza que sou neste momento e que, em pouco ou nada, se distingue dos anteriores reflexos que vi.
*Ou a imagem que os outros guardam de nós e que se reflecte na forma como vêem os nossos actos.
Resta saber se devemos moldar-nos a estas imagens para não ferir susceptibilidades ou manter-nos fiéis a nós mesmos.
Pessoalmente, eu prefiro a segunda opção, já que não tenho jeito para artista. Não finjo sentir o que não sinto, portanto, também não consigo ser o que não sou.
Mesmo após os 15 anos, que medeiam esta reedição e o dia em que estas palavras foram escritas pela primeira vez, continua a vê-las e senti-las como o melhor auto-retrato escrito que consegui fazer de mim.
Coexistial. Ainda hoje falava sobre fotografia e sobre tantas outras histórias relacionáveis connosco e com os espelhos da nossa vida, mas é positivo quando alguém sente que cada momento diferente, cada nova mudança a pode transformar e enriquecer como pessoa, como a ti, mesmo que a Mariza ao espelho seja aparentemente, sempre a mesma.
ResponderEliminarGostei!
Li o que escreveste da fotografia, como ainda estou a entranhar tudo o que por lá escreveste, que passa por vários assuntos da vida, não consegui deixar qualquer palavra. Visões distintas relativamente à forma como a imagem fotográfica nos marca. Quando conseguir desemaranhar o nó que deste à minha cabeça pretendo comentá-lo.
ResponderEliminarQuanto ao que por aqui no meu canto se fala, julgo que as pessoas e as situações que passam pela nossa vida trazem-nos sempre um ensinamento, pela perspectiva como vêem a mesma coisa, se nos mostrarmos abertos para captar tal, mesmo que não a consigamos entender, acabamos por sair enriquecidos pela oportunidade dada ao outro.
Quanto à perspectiva que aqui apresento é referente à forma como os outros nos vêem e recriam na sua cabeça, levando a que pequenos desvios no nosso comportamento ou forma de estar, que não se enquadrem no padrão por eles criado, os faça deixar de nos reconhecer.
A forma como te dás às pessoas é diferente por 'N' factores, mesmo que não te dês conta disso, cada uma delas 'fotografa-te mentalmente' à sua maneira. Daí a multiplicidade de seres que acabas por ser. Aos teus olhos, quando te vês és sempre o mesmo (retirando as marcas que o tempo vai deixando no aspecto físico).
Sou uma adepta da mudança! Gosto das mudanças que os outros exercem em mim, e das que exerço nos outros, não num sentido manipular antes num sentido natural, como um rio que corre e altera a forma das margens.
ResponderEliminarSou susceptível a tudo, sou receptiva a tudo, depois o meu filtro interior trata de separar o trigo do joio.
Muitas vezes me pergunto se ser susceptível a tudo não é mau para mim, estou numa fase em que acho que não, desde que os filtros interiores estejam operacionais.
Ser susceptível aos comentários de uma certa Mariza que chegou ao meu blogue vinda do nada, foi vantajoso para mim... Só um pequeno exemplo :)
Catarina,
ResponderEliminarEu sou uma mente aberta e bastante tolerante para com os outros. Nunca os deixo de ouvir e quando também vejo abertura do outro lado, para se expressarem e deixarem-me expressar, ainda mais atenta fico.
Há quem me ache desconfiada, porque muito antes de abrir a boca para falar observo, e muito, quem tenho do outro lado. Este observar vai-me permitir ir abrindo ou fechando os 'filtros interiores' de que falas. Fazendo-me pôr de lado preconceitos e juízos de valor que, de uma forma mais ou menos racional, todos temos.
Conseguindo fazer isso e, para além disso, conseguindo que o outro sinta isso vai dar espaço para naturalmente irmo-nos mostrando.
Uma vez mais digo, como já disse ao Martini, aqui quando falo de mudança não falo de transformação real, passar a ser outro alguém, refiro-me, sim, à forma como os outros nos vêem e categorizam que, em situações que saímos dessa sua visão (mesmo que meio milímetro), os leva a pôr em causa tudo o que já fomos um para o outro.
Grande parte esquece-se que o que guardamos do outro para o identificar é uma imagem do que ele é, a qual é feita a partir de um certo ângulo e uma certa perspectiva (a nossa). Como estes ângulos e perspectivas são vários, temos que ter em mente que a imagem por nós criada do outro nunca poderá representar o seu todo.
Mas, claro está, que como tu bem o disseste, as interacções que vamos tendo vão-se alterando ao longo desse nosso mostrar.
De facto as mulheres são muito muito complicadas...O meu pai ao falar do antigamente evocava uma sala de espelhos que existia na defunta feira popular em que reflectiam varios angulos da mesma pessoa e que era objecto de muito riso.
ResponderEliminarse a dita ainda existisse convida-te para ires comigo e seguramente sai de lá uma pessoa diferente daquela que fugazmente deixas revelar no teu espelho magico.
Vamos lá a arrebitar e colocar um sorriso nos labios nem que seja para te veres sorrir a ti propria.
Madame Pompadour
Madame Pompadour,
ResponderEliminarEu conheci a feira popular muito antes de ser defunta. Sendo que, apesar de nunca ter gostado muito de parques de diversões, estive lá várias vezes, era programa anual obrigatório entre a família e entre os amigos.
Assim, conheci estes espelhos. No entanto, digo-te que não preciso deles para conseguir rir de mim e rir comigo mesma. Sou a primeira a gozar das minhas tropelias e a partilhá-las com quem aprecio. Sentido de humor não me falta. Até em momentos considerados impróprios para tal, consigo usá-lo de modo não ofensivo.
A mensagem que aqui deixei é de aceitação de quem sou, que é muito mais do que a soma do modo como fulano, sicrano e beltrano me vêem. É uma constatação de um facto que se aplica a qualquer pessoa. Basta tentar perguntar aos fulanos, sicranos e beltranos do seu circulo a opinião que têm de si. Apresentando-lhes uma situação, questione o que cada um julga ser a forma como vai reagir/apresentar-se perante a mesma.
Ah! E estou arrebitada q.b.