Todos nós passamos por fases em que nos sentimos mais em baixo e descompensados com a vida.
No meu caso, quando estou num destes momentos a expressão que mais uso é a "Não me apetece", já que nesta fase a minha rotina resume-se apenas e só à realização das tarefas mais básicas para manter um dia-a-dia 'normal'. Poucas ou nenhumas situações, corriqueiras ou extraordinárias, despertam-me o interesse e levam-me a mexer.
Mas como também toda esta inércia me incomoda começo a pensar como lhe dar a volta: preciso de por-me a mexer porque com o decorrer dos dias começo a ficar farta da minha auto-desmotivação, a partir daqui a expressão que mais uso passa a ser "Tenho que me mexer, mas ainda não me apetece".
O engraçado é que sempre que estou nesta fase, tenho uma amiga que parece que a pressente e no meio das nossas conversas estranhas, sobre tudo e sobre nada, arranja sempre soluções para ultrapassar seja qual for a situação. Por norma as primeiras soluções que lhe vêem à cabeça pouco ou nada têm a ver comigo, como ela bem sabe (depois lá consegue arranjar uma ou outra aceitável). Mas todas têm o condão de me fazer rir e entrar no registo do disparate que nos leva a chegar a conclusões ou teorias duvidosas.
As soluções apresentadas passam sempre por sair da rotina e descarregar a energia contida pela inacção (já que nos leva a estar sem energia para fazer mais do que aquilo que andamos a fazer) e traduzem em:
- Busca de aventura - vamos cansar o corpo para pôr o conta-quilómetros da nossa mente a zeros, mas tem que ser algo no campo do radical (adrenalina, adrenalina, adrenalina! Sim, estamos vivas.)
Ou
- Sair para socializar - vamos conhecer sítios e pessoas novas (endorfinas, endorfinas, endorfinas! Sim, estamos vivas).
Em relação à primeira fórmula mágica apresentada, ela sabe perfeitamente qual é a minha resposta: "O meu mexer está muito longe de passar por aí", mas tenta sempre 'cantar um fado', 'fazer uns malabarismos' ou 'dançar um sambinha' para ver se alinho nesta aventura.
Quanto à segunda fórmula mágica já consegue alguns minutos da minha atenção, porque somos people person (neste caso convém ler-se eu sou, porque, supostamente, ela não gosta de pessoas), mas grande parte das vezes a minha resposta é "Sim, sei que isso me fazia bem, mas... não me apetece".
Chegadas a este impasse lá começamos a expor o que vamos procurando ou devemos procurar para que a (auto) motivação se encontre dentro dos níveis aceitáveis. Numa das nossas inúmeras conversas surgiu a Teoria das Palmadinhas, as quais podem ser dadas por nós ou por outro. Contudo, não podem ser umas palmadinhas quaisquer, têm quer ser Palmadinhas Técnicas já que não deve haver ninguém que queira Palmadinhas Amadoras.
Agora vem a questão e o que distingue a Palmadinha Técnica da Palmadinha Amadora? É muito simples, as marcas que elas deixam em nós que depois condicionam a nossa acção.
A Palmadinha Técnica é agradável, tem o poder de estimular todo o corpinho. É aquela que se dada nas subidas mais íngremes melhora a circulação sanguínea e leva-nos a agir com entusiasmo, trazendo resultados muito mais rápido.
A Palmadinha Amadora é muito desagradável, leva-nos a querer ficar ainda mais parados ou no máximo a carpir sobre a nossa desmotivação, já que possivelmente enche-nos o corpo de nódoas negras. É o desânimo total, podendo ser comparável com o pessoal que faz chapão quando mergulha na piscina para poder ensopar todos os que estão secos e descontraídos ao seu redor.
Então, se o que queremos é estimular a nossa (auto) motivação o que se quer ou o que se deve procurar são estímulos positivos, não nódoas negras.
Assim, quando perdemos as forças para a auto-motivação (porque as palmadinhas que nos vamos infligindo estão a passar para o terreno das Palmadinhas Amadoras), devemos rodear-nos e socorrer-nos dos que nos são mais próximos e têm a capacidade de nos dar motivação e de nos conseguir mostrar novamente o caminho para a auto-motivação (já que para nós eles são os especialistas das Palmadinhas Técnicas que nos vão ajudar) e ficarmos longe daqueles que mais não querem ou não conseguem fazer do que alimentar a nossa inércia com as suas Palmadinhas Amadoras.
Mediante este texto, só espero que vocês sejam pródigas em conseguir encontrar essas Palmadinhas Técnicas que vos darão auto-motivação :)
ResponderEliminarJá agora e falando em transformações, porquedecerto também devem ocorrer, uma palmadinha que talvez consideravam técnica e se tranformou entretanto em palmadinha amadora; e depois a oposta; quais serão os efeitos delas a prazo?! :)
Nós trocamos palmadinhas técnicas uma com a outra e de quando em vez ficamos a carpir mágoas, distribuindo uma ou outra palmadinha amadora. Por vezes é preciso deixar-nos ir abaixo para depois sairmos renovadas :)
ResponderEliminarQuanto à tua questão julgo que a resposta está no último parágrafo deste meu extenso devaneio :p
Saber trocar essas Palmadinhas Técnicas entre vocês só demonstra muita cumplicidade e com certeza que topam à distância qualquer Palmadinha Amadora :)
ResponderEliminarSabes que nem sempre os olhos nos mostram aquilo que verdadeiramente temos à nossa frente. Podem trazer-nos ilusões ópticas mais de acordo com aquilo que gostávamos de ter. Por isso, uma Palmadinha Amadora pode levar o seu tempo a ser descoberta.
ResponderEliminarMas o que vale é que eu e ela temos formas de ser completamente distintas que levam a complementar-nos. Ela pela demasiada cautela e desconfiança que tem para com os outros e eu pela abertura de espírito e facilidade de falar e acreditar nos outros.