Há uns dias, depois de um belo almoço entre amigos, cerca das cinco da tarde, tiveram a brilhante ideia de ir lanchar aos Pastéis de Belém (ideia que não é má, já que Belém até é agradável e os Pastéis comem-se).
Imagem retirada e adaptada daqui |
Esqueceram-se foi de três pormenores que iriam tornar a concretização desta ideia em algo no mínimo insuportável:
- Era uma tarde de domingo;
- Estava sol;
- E a temperatura estava bastante elevada para a época do ano.
Ou seja, estavam reunidas as três condições para, nessa mesma hora, a população de meia Lisboa e dos arredores estar concentrada aí (a outra metade estaria com toda a certeza na zona oriental de Lisboa) e, muito provavelmente, também a pensar em fazer o mesmo lanche.
Eu, como vivo pelas redondezas e conheço relativamente bem os ciclos de movimento da zona, prontamente tentei chamar-lhes à razão para estes pormenores, mas infelizmente não os dissuadi e lá fomos, porque não podia ser assim tão mau (lá estás tu com os teus exageros, disse-me um).
Claro está que quando lá chegámos estava montando o caos, quer na fila para a compra ao balcão, quer para o serviço de mesa. Os meus amigos ficaram todos muito desgostosos e enquanto eles perdiam-se em lamúrias, eu entrei noutro comprimento de onda e apanhei do ar uma conversa telefónica, meio surreal, de uma miúda que se já tivesse chegado à casa dos 20 seria muito.
Pelo que percebi, a conversa rodava à volta da questão de ser ou não ser pertinente apresentar aos pais um 'ele', o qual poderia ser um namorado recente ou um amigo colorido. Em qualquer dos casos seria um ele para ocupar os tempos mortos e desenvolver a perícia sexual.
Esta última frase é pura conclusão minha e tem, exclusivamente, a ver com o que ouvi a miúda dizer e que passo a citar:
- Ele? Só o apresentava aos meus pais se, por acaso, me engravidasse e
se, por azar, eu descobrisse fora de tempo para poder abortar.
É sabido que um dos poucos métodos contraceptivos em que é garantida 100% de eficácia é a abstinência. Mas dada a dificuldade em seguir este caminho, quando se busca a satisfação a dois, há muita escolha no mercado que reduz significativamente estes "acasos" que se podem traduzir nestes "azares". Sendo que na minha opinião, apesar de consagrada na lei, a interrupção voluntária da gravidez não é, nem deve ser usada com este intuito.
Ao ouvi-la lembrei-me de alguém que, como não tinha paciência para a toma diária da pílula e o respectivo namorado também não a tinha para o preservativo, usava e abusava da pílula do dia seguinte.
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