De há uma semana para cá, ando a tentar escrever sobre um fenómeno (poderá ser mais uma coincidência) com que me tenho reparado desde o início deste ano, que ainda vai curto, e que me tem melindrado, quer por ser uma interveniente directa ou acidental.
A chatice é que não tenho tido disponibilidade mental e discernimento criativo para escrever a coisa como eu quero. Ando a roubar horas ao sono, a aproveitar alguns tempos mortos no trabalho, as viagens atribuladas de autocarro (imaginem-se a escrever sentados num veículo que anda aos solavancos devido ao mau estado das estradas para perceberem ao ponto que já vai o meu desespero), parte da minha hora de jantar e até mesmo as curtas pausas para um cigarro.
A chatice é que não tenho tido disponibilidade mental e discernimento criativo para escrever a coisa como eu quero. Ando a roubar horas ao sono, a aproveitar alguns tempos mortos no trabalho, as viagens atribuladas de autocarro (imaginem-se a escrever sentados num veículo que anda aos solavancos devido ao mau estado das estradas para perceberem ao ponto que já vai o meu desespero), parte da minha hora de jantar e até mesmo as curtas pausas para um cigarro.
Mas todo este meu esforço não tem servido para nada. Não consigo dar uma ordem coerente a tudo o que tenho a escrever e à ideia/opinião que quero transmitir. E deteste isso!
No que respeita à escrita, para além da ser completamente indisciplina, sou de impulsos. Se há vontade, escrevo (e se necessário fico horas a fio nisso). Se não há vontade e nada do que escrever, não escrevo. Nem sequer me lembro de pegar numa folha de papel (sim, eu sou da velha guarda que gosta de olhar para uma folha em branco e escrever até ganhar calo no dedo que apoia a caneta).
Já escrevi, reescrevi, voltei a escrever o reescrito e voltei a reescrever o escrito reescrito (complexo, eu sei) e não sai nada parecido com o que projectei mentalmente.
Já escrevi, reescrevi, voltei a escrever o reescrito e voltei a reescrever o escrito reescrito (complexo, eu sei) e não sai nada parecido com o que projectei mentalmente.
E se não sai à primeira, conhecendo-me como me conheço, tenho quase a certeza de como esta história vai acabar, principalmente porque sei que estou prestes a atingir aquele ponto. Sim, aquele em que pego em todas as folhas rabiscadas e atiro-as para dentro de uma gaveta à espera de um outro dia. Este outro dia é que, por norma, nunca mais vem ou se vier já é fora do tempo.
Interessante de reparar que tu escreves no papel o que mais tarde postas por aqui. Creio que isso deve ser raro de acontecer nos dias de hoje.
ResponderEliminarEu creio que são fases. Por vezes também me ocorre escrever sobre variadíssimas coisas sem qualquer grau de relação e depois sinto-me perdido e acabo por arquivar o ficheiro que ficará secreto para sempre.
Sei o quanto isso é frustrante, mas a título de sugestão, poderias te focar nas "ligações" entre uma ideia e outra e na forma de lhes dares algum sentido. É que por experiência própria sei que as ideias e os pontos-chave de um qualquer "fenómeno" :) são sempre os primeiros a serem escritos e onde normalmente falho é nas "ligações" entre assuntos diferentes ou nas transições.
E mal sabes tu que uso a mesma folha de papel até à exaustão. Escrevo em todos os sentidos até praticamente não haver espaço para um ponto quanto mais uma vírgula.
ResponderEliminarPara além de que junto à mesa de cabeceira tenho um bloco para tirar apontamentos no caso de a meio da noite ter uma ideia ou um sonho estranho que possa dar para explorar (dica de um professor de escrita criativa que tive).
Escrever primeiro em papel para depois passar para o PC dá-me mais uma oportunidade de reorganizar e às vezes até recriar o que foi feito. Funciona mais como um guia já que não faço uma cópia.
Quanto ao fenómeno, ele é banal, mas está relacionado com um tema complexo que nos atinge a todos e o que pretendo é expor de forma fundamentada a conclusão que dele tirei.
Problema mesmo é que os fundamentos desta conclusão acabam por levar a muitos caminhos que também devem ser desenvolvidos.
De momento, empanquei naquilo a que tu chamas transições, e julgo que é só uma que está em falta lá para o meio do texto. Não consigo encontrar a chave que vai permitir o correcto encadeamento das ideias necessário para dar estrutura ao texto.
Mas amanhã é outro dia e pode ser que sem o stress do trabalho consiga encontrar o que lhe falta.