‘Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais ridículo do que eu?’*
Sim, sim, este pode ser o começo ou o fim de mais uma história que apanhei no meu local de trabalho.
Agora, pouco mais de 15 dias de ter começado a dita Primavera (em que o sol anda tímido e o céu mais para o cinzento), os colegas do ‘pito aos saltos’ andam mais calmos. Bom, isso foi o que eu pensei durante esta última semana. Mas ontem, quando olhei à minha volta, reparei que a maior parte deles simplesmente não tem vindo (as benditas férias da Páscoa, que obrigam alguns papás e mamãs a tirar férias para cuidarem dos filhos).
E só ontem dei pela falta deles porque?
1 - Trabalhei no fim-da-semana (coisa que eles felizmente não fazem), portanto, folguei durante a semana.
2 - Ontem estive a trabalhar na área deles e vi o papel de protagonista entre as meninas do ‘comercial’ a ser desempenhado pelo colega que costuma estar sisudo no seu canto a trabalhar (só tem ataques de doideira nas pausas do almoço e do fumar e quando não tem ninguém com quem falar sobre o mercado de valores mobiliários).
Então, antes que perca o interesse no que vou escrever ou me comece a falhar a memória, que é algo que anda a acontecer muito nestes últimos tempos devido ao cansaço (férias, preciso de férias! - É o que diz o Eco, ao Tico e ao Teco que andam adormecidos no meu cérebro) cá vai a história.
Conseguem imaginar-se em frente ao espelho a simular/treinar
um beijo de língua? Sim? Não?*
Se sim, salta-vos à imagem o ridículo que é esta figura, certo?
Se não, imaginem alguém a fazer caretas a um bebé para ele parar de chorar, quando o que lhe apetecia mesmo (e desculpem lá a expressão) era atirá-lo ao ar, contra o chão ou parede tal o desespero em que se encontra.
Agora, horror dos horrores, substituam o espelho como espectador reflexo desta acção pela vossa equipa de trabalho, chefes incluídos. Conseguiram?*
Eu, como espectadora acidental deste número de entretenimento, tive que virar a cara, porque senti-me envergonhada ao ver o meu colega a inclinar a cabeça de um lado para o outro, a rodar a língua e a sugar os seus lábios, enquanto dizia para todos ouvirem que estava nos linguados.
Finalmente, quando conseguiu a atenção da Menina do ‘comercial’ que anda a rondar ao estilo paraquedista, ainda tive que ouvir isto que se segue (é nestas alturas em que fico a pensar porque é que os meus pais me fizeram com a capacidade de estar a ouvir e seguir mais do que uma ou duas conversas em simultâneo e mesmo com alguma distância física entre o local onde estou):
**Menina do ‘comercial’ (com sotaque alentejano) - Que raio de beijo é este pá?!?!? Até mete medo.
**Colega sisudo - Eh, pá! Há tanto tempo que não beijo… Acho que até já não comé que se faz isso.
Menina do ‘comercial’ (com sotaque alentejano) - Isso nã se esquece.
Colega sisudo - Ai não? Tenho as minhas dúvidas. Posso treinar contigo? Assim até dá pra treinar também uns amassos. Deixas?
Menina do ‘comercial’ (com sotaque alentejano) - Os meus lábios e o meu corpo nã são campo de treino.
Colega sisudo - Vá lá, não custa nada são só uns beijos e uns amassos.
Chegada a esta fase da conversa eis que surgem outros personagens.
**Menina do ‘comercial’ (que acha que vem do gueto) - Meu, qué isso pá! Porra que o miúdo está em brasa. Já pensaste ir apanhar ar a ver se arrefeces a turbina?
**Colega da ‘boca porca’ (com sotaque de Viseu) - Alentejana, acalma lá o rapaz. Vai-te a ele ou deixa-o vir-se a ti.
Menina do ‘comercial’ (com sotaque alentejano) - …
**Colega ‘cantador caga tacos’ - Vá lá Alentejana, dá-te a ele que já ninguém o aguenta por aqui neste estado.
Colega sisudo - Olha, eu vou à casa-de-banho se quiseres vai lá ter. Sempre temos mais privacidade.
Menina do ‘comercial’ (com sotaque alentejano) - Ahmmm!!!
Menina do ‘comercial’ (que acha que vem do gueto) - Meu, tu tás bem. Deste conta do que acabaste de dizer?
Colega sisudo - Só fiz um convite, há mal nisso? Se a Alentejana não quiser faço-o a ti. Assim está melhor?
Menina do ‘comercial’ (que acha que vem do gueto) - Fonix!! Alentejana trata dele.
Colega da ‘boca porca’ (com sotaque de Viseu), Colega ‘cantador caga tacos’, Menina do ‘comercial’ (que acha que vem do gueto) - Trata, trata, trata…
Menina do ‘comercial’ (com sotaque alentejano) - E se fossem todos à merda!!!
Colega sisudo - Vocês as duas são sempre umas desmancha prazeres.
*Só perguntas difíceis, eu sei?
**São os nomes carinhosos que dou aos colegas.
E hoje ainda tenho mais um dia de trabalho, a ver se passa rápido.
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