sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A Cumplicidade Revela-se...

Na capacidade de olhar-nos nos olhos e, antecipadamente, sabermos o que ansiamos fazer,
dizer sentir e, ainda assim, surpreender-nos com cada gesto, toque e palavra trocados. 
Já que esta antevisão não nos faz prever quando e como o vamos fazer.


Mantemo-nos neste jogo da certeza do olhar e da incerteza (despreocupada) das acções, pois este
constante reinventar é que nos faz ficar juntos e continuar a querer partilhar quem somos e o
que somos um para o outro.

E tudo isso faz parte do amor e da amizade.



24 comentários:

  1. Uma belissima mensagem capaz das mais variadas intrepretações.

    Espero que Berlim tenham sido uns dias ótimos, que desejes lá voltar e já agora desejo-te um 2012 repleto de sucessos e conquistas, e que mantenhas a tua capacidade e vontade de contar, ao teu jeito sempre genuíno de o fazer. Com muita luz natural.

    Beijos. Bom ano!

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  2. Martini,

    A mensagem do post saiu mais obtusa do que pretendia, talvez devido ao excesso de cansaço da última semana de trabalho. Mas o essencial, julgo, que se percebe :)

    Berlim foi óptimo. Tirando o frio e a privação de sono a que fui sujeita, graças a um roncador. O desejo de lá voltar surgiu logo no segundo dia. Sendo que gostaria de ver a cidade vestida com as cores e a liberdade que a Primavera e o Verão trazem e explorar outras áreas para além das culturais. Estás afim? ;)

    Sobre 2012 não criei expectativas, não tracei resoluções nem defini planos. Espero que o consiga tornar melhor do que 2011 que em alguns campos começou meio às avessas, mas depois foi-se endireitando, e em outros deixou-se passar completamente ao lado.

    Julgo que muito mais do que capacidade de contar deva procurar a vontade de e a disciplina para pôr em prática a imaginação e a veia observadora que há em mim.

    Para ti, que te encontras em fase de transição espero que 2012 seja o ano repleto de oportunidades, profissionais e pessoais, concretizadas.

    Bjkas

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  3. Eu sei o que é isso. Por vezes também me ocorre o mesmo e a mensagem sai com outro efeito e provoca reações adversas.

    Apesar de até viajar com alguma frequência (contei hoje e fiz 18 voos anos passado, ainda que alguns deles em ligação) nunca fui a Berlim mas gostaria imenso. Este ano estive perto de chegar a Hamburgo para depois seguir para Estocolmo mas tive que mudar de planos, e assim o desejo mantém-se tendo Berlim como objectivo. Estes dias tenho inclusive sacado alguns filmes que abordam a antiga RDA e Berlim leste (sugiro-te "A vida dos outros") porque eu tenho especial gosto em visitar lugares com história e este ano já tive a oportunidade de conhecer o Coliseu de Roma, as praias gregas, meninas nas montras de Amsterdam e coffe shopps :), o gueto de Cracóvia e até Auschwitz. Assim espero que tenhas visitado essa parte histórica de Berlim e tenhas estado à sombra do que resta do muro.
    Se estou afim? É óbvio que sim :)

    Partilho contigo o não planear o ano seguinte, porque quase sempre nada corre como desejado ou caso se concretize, é sempre por linhas tortas, e depois chegamos ao 31 de Dezembro todos felizes e satisfeitos por termos sobrevivido ao longo do ano e ao menos estamos inteiros.

    Que és uma excelente observadora eu julgo que és, também uma melhor ouvinte que quiçá uma faladora, mas disto já não tenho a certeza :)

    Beijos

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  4. Nem nos últimos 4 anos tive a oportunidade de viajar como tu o fizeste em 2011 (inveja do Coliseu de Roma e das praias gregas, curiosidade pelas meninas nas montras de Amsterdam e coffe shopps, reticente pelo gueto de Cracóvia e Auschwitz) :)

    Devido a situações profissionais tive que pôr as viagens de parte. Nunca conseguia marcar antecipadamente férias ou quando o fazia só à última hora é que sabia se iam ou não ser aprovadas.

    Assim, para não correr o risco de deitar dinheiro a perder ou deixar terceiros pendurados, pus os planos de viagens de férias de lado. Para tu veres desde 2007 que não punha um pé num avião.

    Quanto a Berlim, claro está, que visitei o que resta do muro e também estive, simultaneamente, nas duas velhas Berlim agora unidas pelo ladrilho que serpenteia toda a área onde o muro as separou.

    Entre os vários ex-libris da cidade, visitei o DDR Musseum que retrata o dia-a-dia que se vivia na RDA e mostra detalhes interessantes do quotidiano: moda, televisão, trabalho, alimentação, lazer, tecnologias, política, sociedade, etc.

    Gostei pela interactividade do museu, poder tocar em quase tudo, sentar-me numa sala de interrogatório, fechar-me numa cela, fingir conduzir uma limusine oficial do governo, estar numa cozinha cheia de utensílios e electrodomésticos da época...

    Gostei pelos pequenos nadas (nadas, porque os temos como direitos garantidos) que nos apresenta e que escapam a quem esteve de fora, permitindo-nos compreender melhor o impacto que um regime repressivo tem na dinâmica sócio-cultural e na construção dos relacionamentos humanos (foi assustador ver a estatística do recrutamento de informantes, desde o início até ao seu final do regime. Ficando a dúvida de como não enlouqueceram vivendo diariamente com medo que a própria sombra os traísse).

    Gostei pela localização, junto ao Rio Spree com vista para a Catedral de Berlim, que me fez ansiar por um dia mais soalheiro e temperaturas mais amenas, já que a zona ribeirinha apela a uma pausa para três dedos de conversa e um copo, enquanto se aguarda pelo pôr do sol.

    Quanto ao comentário final, só posso dizer que a observação permite-me obter muita informação do que se passa à minha volta e também conhecer/perceber melhor o outro. Detalhes, eu prendo-me em e gosto de detalhes, são o que nos distingue :)

    A educação que tive em casa moldou-me para saber ouvir, bem mais do que intervir. A profissão que tenho apurou-me ainda mais esta capacidade de ouvir e, ao mesmo tempo, apresentou-me um desafio: ter de intervir.

    Falar, falo, mas tenho o cuidado de escolher o que digo e para quem digo, sou apologista do pouco é muito e o silêncio é algo que não vejo como constrangedor quando tudo já foi dito. O que me pode levar a ter momentos de total desprendimento para com os outros, porque estou na minha e o que quero é silêncio; como a momentos em que sou uma fala-barato, dando-me uma parede não só falo com ela como tenho a ponho a falar comigo.

    Mas a primeira impressão que tiram de mim é essa que expuseste :)

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  5. Hoje, estou em modo fala-barato :D

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  6. Eu também já tive esse problema a nivel de marcação de férias, mas depois fui-me impondo.

    Desde 2007 que não viajavas?! Isso é o que eu chamo, gostar do país :)

    Creio que uma das sensações que fiquei do retrato que fizeste sobre Berlim foi mais ou menos semelhante àquela que fiz da Polónia. A anoitecer às 3 e meia da tarde, mais o frio que fazia por aquelas paragens, o aproveitamento do dia foi algo deficiente, para nem falar que apesar de amanhecer cedo, a temperatura não era nada convidativa a sair de casa. Irei certamente a Berlim este ano, só lamento que o tempo disponível que tenho ser agora, pois pela Europa o clima não é muito convidativo a viajar nesta altura. Eu creio que estes lugares são ambos destinos de verão e não de inverno.

    Saber ouvir é ótimo e medir bem o que se diz também. Creio que sou bom ouvinte também, mas ainda falho sobre muita coisa que digo, ou na forma que o digo, mas se não o fizesse assim, também deixaria de ser eu.

    Mariza em versão fala-barato também é recomendável )

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  7. De facto, gosto muito deste nosso canto à beira mar plantado e de Lisboa, então, nem se fala (a luz, o rio, o clima).

    Mas também gosto de ir além fronteiras (conhecer, reconhecer e surpreender-me com diferentes dinâmicas de cidades, pessoas e estilos de vida), mas muitas vezes acabo por não o fazer por comodismo, por não querer entrar no desconforto que o desconhecido traz ou também porque não quero estar em corrida para aqui e para ali para cumprir horários durante férias (já me basta a rigidez de horário que o trabalho me impõe). Para mim férias é para abrandar o ritmo e nada de stress.

    No que toca a viagens, e em muitas outras coisas da minha vida, gosto de organizá-las com tempo. E não é porque preciso de X dias para pensar no que vou levar e mais outros X para fazer a mala, isso faço em 1 hora. É sim, para apaziguar a ansiedade dos 'e ses' que sempre surgem nestas alturas e poder estar a 100% para onde vou.

    Europa também acho que o melhor é a partir de Maio, menos frio, menos anoitecer logo depois da hora do almoço e mais disposição para acordar cedo e aproveitar os dias. Como tu, também tenho uns dias para 'gastar' agora, mas só de pensar que é Inverno, não me consigo decidir quando, porque não sei o que posso fazer com eles (desta vez não estou numa de terapia de sono em casa).

    Voltando às nossas maneiras de ser, como tu dizes e bem se não fizéssemos as coisas como nos apetece e nos está no sangue deixávamos de ser nós próprios. Para além de que errar toda gente erra (e os que dizem que não erram é porque não fazem nada ou tem a cabeça enfiada no próprio traseiro).

    Assim como não medir as palavras pode ser desastroso, medi-las também o pode, já que há quem não perceba palavras medidas e se estique :)

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  8. A incerteza despreocupada das acções, que tão bem sabe, e que nos faz voar trás muitas vezes perjuro.

    Aprendi isso da pior forma...

    Beijinho

    Tarde ou não boa continuação de 2012 :)*

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  9. P.S. Em tempos também deixei uma foto do meu olhar para alguém muito especial!*

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  10. Catarina,

    Este canto está pontilhado de pedaços fotográficos meus e de mim.

    Inicialmente, quase todas as fotos que por aqui punha eram minhas, mas dada à ausência de tempo para a escrita e muito mais para a fotografia criativa/ilustrativa (que por muito que se julgue que não, dá tanto ou mais trabalho que a escrita) acabaram por se tornar mais raras.

    Este texto e imagem em questão não tem destinatário definido, são devaneios que por vezes me surgem daquilo que me vou recordando de vivências passadas que me surgem no presente.

    Houve uma altura que escrevi por aqui algo que li, já não sei onde, sobre as 3 formas mais comuns de se aprender e uma delas é através do erro. Um erro pode ser mau, mas significa que da nossa parte houve uma tentativa de fazer algo. O que é preciso é reter o que levou à falha para não voltar a cair no mesmo.

    2012 ainda tem muito para andar e quem sabe para dar, por isso, qualquer momento é bom para desejar e retribuir uma boa continuação.

    Bem-vinda!

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  11. Eu não quis dizer que a tua foto foi para alguém, só me lembrei desse momento em que deixei a foto dos meus olhos para alguém, por acaso fez-me sorrir, porque o contexto foi engraçado :)*

    Obrigado...

    Gosto do teu canto, passarei por cá!*

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  12. Catarina,

    Não precisas justificar o comentário que deixaste, por estranho que pareça, eu consegui ler o que ficou nas entrelinhas, pelo motivo que me levou a escrever isso aqui.

    Eu apenas acrescentei uma informação ao que disseste. Isso porque muitas vezes escrevo por cá devaneios que para muitos dos que por cá passam (que são poucos :D) julgam ter uma razão ou um destinatário específicos e momentâneos.

    Eu uso a escrita sob dois pontos de vista, um criativo e outro catártico. Em ambos os casos saem desabafos indignados, devaneios aparvalhados ou teorias enigmáticas. Todos com ou já sem sentido e sentimento e que nem sempre têm a ver comigo. Pode ser apenas e só algo que ouvi, que me foi dito ou que me lembrei, devido às estranhas associações de ideias que a minha mente, de quando em vez faz.

    Essencialmente eu escrevo para mim, porque gosto e porque me apetece. Não busco audiências, até por que o que me levou à escrita (nos velhinhos anos 90 do século passado) foi a liberdade que ela me trazia para descarregar angústias contidas que sentia em mim e via nos outros.

    Tenho textos pessoais escritos para terceiros. A pedido dos mesmos ou porque queria mostrar-lhes outro ponto de vista sobre eles mesmos. Destes, alguns passaram por aqui, outros ficaram num outro espaço virtual que tenho e não é divulgado e muitos ainda estão dentro de cadernos, entre folhas e cartões que guardo na minha gaveta da escrita.

    Daí poder haver por aqui textos que parecem não dizer nada, mas que dizem muito, quer sobre mim e quer sobre quem partilha da minha companhia na vida em 3D. O que acontece é que muitos deles perderam o hábito de por aqui passar ou, simplesmente, deixar as suas palavras.

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  13. Eu vou-me questionando, vou perguntando diversas coisas ao longo da minha vida que já perfaz um bonito quarto de século, quanto mais procuro respostas, mais atrofio a minha cabeça, os exames de matemática e os fármacos aos molhos que eram preciso saber para cada exame, eram bem mais fáceis para mim do que esta coisa que se chama lidar com seres humanos e entendê-los.

    Neste momento, questiono-me, acerca do porquê da preocupação comigo... Ou se calhar não é preocupação, mas chamemos-lhe então cuidado, o cuidado de me contemplar com comentários minuciosos e detalhados, delicados, providos de um cuidado que confesso, não tenho com "estranhos" e não estou habituada a que tenham comigo, talvez as palavras te corram nas veias, talvez seja um ímpeto natural, e a razão que procuro para esse cuidado, não exista somente... Desculpa o meu jeito desconfiado, desculpa o meu jeito atabalhoado, deste discurso discorrido sem sentido sem ponta por onde lhe pegues.

    Ao falares em entrelinhas sorri de novo, parece que tenho um espelho do outro lado, pois a capacidade de leitura das entrelinhas foi-me reconhecida em tempos, e tive de sorrir, pois de facto há muitos momentos felizes no último ano atrás dessa palavra tão simples entrelinhas...

    Acredito que de facto estejas a ler-me as entrelinhas, fizeste-o de modo assertivo ao leres o meu comentário do "Toque de Midas", e provaste-o no comentário deixado. Não tenho medo dessa tua capacidade agora, mas tive-o ontem, desculpa o meu jeito desconfiado mas é a defesa desenvolvida para me proteger.

    Entendo o porquê de saberes ler as minhas entrelinhas:
    "Em ambos os casos saem desabafos indignados, devaneios aparvalhados ou teorias enigmáticas. Todos com ou já sem sentido e sentimento " Isto, sou eu, nada do que escrevo é por acaso, pode já não ter sentido quando escrevo, mas tem de o ter tido.

    Mais uma semelhança, que talvez provoque o sentimento de Este blogue é bastante pessoal que o meu blogue te despertou:
    "foi a liberdade que ela me trazia para descarregar angústias contidas que sentia em mim e via nos outros."

    Foi para isto que eu criei o blogue... Daí ser tão pessoal nas angústias nos desabafos nos aparvalhamentos gerais, também nunca procurei audiência as pessoas foram aparecendo, foram ficando, foram, para mim, tornando-se especiais, não o devia ter permitido! Pois isto é apenas e somente um espaço para trocar ideias, só que eu sou uma pessoa atrás deste mundinho, não sou personagem de ficção, sem sentimentos, sem capacidade de afeição...

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  14. Permite-me que responda aqui ao comentário que deixaste no meu canto:
    "No entanto, acabei por ter à mesma uma tarde bem passada, entre uma troca de emails (com uma amizade nascida na blogosfera)"
    Existem mesmo amizades na blogosfera? Eu acreditei nisso, acreditei que existe mesmo amizade na blogosfera, e estou a pagar cara essa crença, mas tudo há-de passar.

    Desculpa palavras secas ou ríspidas que às vezes me podem sair, mas essa é mesmo a questão pela qual eu acho muitas vezes que devia manter a matraca fechada, digo o que penso digo o que sinto, digo o que acho que é melhor para quem gosto e muitas vezes do outro lado não há abertura para isso, ainda que essas palavras mais ríspidas tenham existido alguma vez dirigidas a mim, e as agradeço, pois não é só de mimo que uma amizade precisa.

    Como é que aprendo a fazer isto:

    "Contudo, ao longo dos anos, o que tem vindo a acontecer é um refrear desta impetuosidade do uso da palavra: passo por uma, duas ou três abordagens mais floreadas e só quando isso não resulta, ou a paciência se esgota, acabo por dizer o mesmo com todos os 'efes' e 'erres', deixando de lado grande parte do bom senso. " ?

    Para terminar, aproveito para responder também ao comentário deixado no Ecos de Saturno, eu já pedi ao Martini para o Escutas Compulsivas voltar. Por isso é que disse, que se voltar não será de certeza absoluta por causa de mim, nem para me fazer vontade alguma.

    De novo repito, de novo insisto, que não pareça desconfiança infundada de criança perturbada, agradeço de coração esse carinho, que existente ou não ao sair das tuas palavras chega a mim como tal! Não há muita gente que se preocupe em chegar ao blogue de alguém, interpretar nas entrelinhas a amargura que me apunhalou no Domingo e me levou a escrever aquele texto, não há muita gente que chegue e queira perceber o cerne da questão, e anulando a parte da curiosidade para entender esse mesmo cerne, que se atire ao precipício no sentido de deixar palavras construtivas.

    Muita gente me acha má, ríspida, seca e ácida, mas como digo o sabor da maçã caracteriza-se pelo equilíbrio entre o doce e o ácido que lhe confere o sabor. E não querendo parecer presunçosa, o meu lado doce compensa bem que inicialmente atravessem a minha fase ácida da desconfiança e do pé atrás.

    Obrigado novamente um beijo e um bom dia*

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  15. Temos que cuidar e nunca deixar de ter interesse por nós, se não o quisermos fazer os outros só o farão por nós até certo ponto.

    Eu questiono-me sobre mim desde os 12 anos, precoce eu sei :), mas a vida de quando em vez obriga-nos a tal.

    Eu já fui bicho do mato, também já olhei com desconfiança e procurei compulsivamente segundas e terceiras intenções nos outros (e muito sinceramente, digo que de quando em vez entro novamente neste registo). Não é por acaso que há quem diga que eu pareço fria como uma pedra, mas que com o tempo vou revelando um coração quente e abrangente.

    Talvez os quase 10 anos de avanço que te levo justifiquem esta minha forma de estar. Talvez por desde muito cedo ter convivido, quase constantemente, rodeada por muitas pessoas e a partilhar o que tinha (deixando-me muitas vezes para segundo plano) também o faça. Talvez por, profissionalmente, ter que arranjar soluções na hora para arrumar ou facilitar a vida dos outros, não na área da saúde como tu, mas em questões corriqueiras do dia-a-dia, me tenha apurado esta capacidade de conseguir ler os outros, mesmo sem os ver e os ouvir.

    Devido à forma como me dou aos outros, quer no campo pessoal quer no profissional, sem querer, através das palavras já consegui fazer muita gente chorar devido à empatia criada, ao saber ouvir e saber estar, porque encararam-nas como um mimo ou a tal bofetada que precisavam.

    Há quem não esteja habituado a receber, somente a dar. Há quem não esteja habituado a que lhe dêem atenção e espaço para se mostrar. Por isso, não levo a mal nem acho infantil esta desconfiança.

    Uma das minhas amigas mais chegadas também começou por 'ter medo' desta minha atenção, percebi isso, dei-lhe o espaço que achei que ela precisava e depois quando percebeu que eu não era nenhum bicho papão, foi ela que veio procurar-me. Agora, o laço que criámos deixa-lhe à-vontade para chegar ao pé de mim e pedir um dos meus abraços para se sentir querida.

    Ah! Para além de que acabei por perceber que um sorriso, mesmo que vindo de um estranho, dá outro ânimo ao nosso dia-a-dia, assim como estar sempre desconfiada envelhece-nos antecipadamente.

    Quanto à questão das amizades nascidas na blogosfera podes acreditar que sim, é possível. O segredo está em conseguir não confundir o que cada um escreve como o todo da pessoa real que a própria é. Desenvolver mais esta parte seria desvendar parte de algo que já escrevi, mas que tem data específica para ser publicada por aqui (mas falta pouco :D).

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  16. "por não querer entrar no desconforto que o desconhecido traz" ora aqui há dessintonização. Eu nos últimos anos deixei de andar pela Europa Ocidental exactamente por me parecer tudo demasiado igual, previsível e aborrecido, apesar de todas as coisas interessantes que este bocado ocidental tem.

    Depois começou o meu fascínio pela Europa de Leste e America Latina onde realmente se vêem coisas diferentes, gente diferente, modos de socializar diferentes. Uma abordagem totalmente diferente a nivel de tudo, e só ainda nao me arrisquei pela Ásia porque na verdade o meu plafond não chega para tanto.


    Catarina: Quanto ao Escutas, grato pela preferência e eu já respondi a isso lá no meu canto. Em principio só não voltará naqueles moldes, mas sim misturado com palavras minhas para a abrangência ser diferente.
    As músicas que colocas no teu blog também são interessantes.

    Quanto aos dias maus, todos nós os temos, fases existem até em que são todos os dias sem excepção e falo também por mim pq já tive fases dessas, mas não conheço ninguém que nunca os tenha tido por mais que digam que não e mostrem sorrisos, a diferença reside somente nas formas de o sentir e transmitir, uns são demasiado expressivos a demonstrar os dias maus, outros nem tanto.

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  17. No meio do embrenhar de palavras julgo que me expressei mal num ponto, nesta frase "Neste momento, questiono-me, acerca do porquê da preocupação comigo..."

    Leia-se "Neste momento, questiono-me, acerca do porquê da tua preocupação comigo..."

    É melhor ler agora todo o parágrafo para entenderes :)

    (Estou a tratar por tu, se for inconveniente diz)

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  18. Fico a aguardar o teu post sobre amizades blogosféricas, curiosamente também tenho um rascunho em forma de texto sobre isso, nunca tive coragem de o publicar, não me perguntes porquê, pois não sei responder...
    *

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  19. Martini,

    Sou uma pessoa de hábitos, demasiado perfeccionista e exigente comigo mesma. E como tal tenho dificuldade em dar o primeiro passo, pensando se estará certo ou errado ir por este ou aquele caminho. Daí falar em desconforto do desconhecido.

    Preciso de um período de pausa e reflexão que me traga habituação. Não gosto de ir para qualquer lado, tomar qualquer decisão, quando os "e se's" são mais do que as certezas.

    Quando esta questão está resolvida, aí vou, atiro-me de cabeça, abro as asas e vôo mesmo que os ventos soprem contra abrandando-me o passo.

    Ásia deve ser de facto complicado (para além de fascinante), pelos relatos que vou ouvindo de quem por lá passou, quer em férias quer em trabalho. Para se conseguir algo minimamente interessante é preciso ter um budget de algum respeito e ele custa tanto a juntar :)

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  20. Catarina,

    Eu sei o que querias dizer, mas como quando percebi isso já tinha o comentário quase todo escrito e o meu tempo escasseava (tinha que ir para o trabalho), acabei por deixar tudo como estava.

    Eu cheguei ao teu blog pelos comentários que vais deixando nos Ecos de Saturno. Já por várias vezes tinha pensado ver o que esta 'miúda' escreve, já que quase todos os comentários por ti deixados tinham um aroma meio agressivo e um toque grandemente defensivo.

    No domingo, quando falei no "Escutas" e respondeste quase de imediato, disse: Hoje é o dia! E lá carreguei no link.

    Quando cheguei o texto que comentei ainda não tinha sido publicado, passei os olhos por um ou dois e a imagem que me surgiu foi de uma menina perdida e em revolta num corpo de mulher.

    Quando ia sair da página, fiz o que sempre faço quando fico algum tempo num blog, carreguei F5 e fixei-me na palavra Estupidez.

    Li o que escreveste e o pensamento que me surgiu foi: "Ela está a precisar de um grande abraço e de uma bela palmada. Todos de seguida. Vou ver o que consigo arranjar sem que nenhuma se meta em apuros." E pronto. arranjei este nosso debate que te deixou simultâneamente desconfiada e curiosa. Nada mais quis do que trazer um pouco de brilho ao teu olhar.

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  21. Quem desta vez correrá o risco de se atirar ao abismo, talvez seja eu, mas vamos a ver como corre, no fim tenho sempre a hipótese de não publicar o comentário...

    "já que quase todos os comentários por ti deixados tinham um aroma meio agressivo e um toque grandemente defensivo."

    Confesso que estou um pouco incrédula com esta constatação, certa vez queixei-me que as respostas que me eram dadas no Ecos de Saturno eram frias e tinham um toque de agressividade face às demais, consigo ir buscar exemplos concretos, consigo citá-los.
    Nessa altura inclusive deixei de comentar por lá.

    O Ecos de Saturno tem tanto ou tão pouco interesse para mim, que agarrei numa ponta e terminei na outra, viagem essa acompanhada com as minhas observações sobre praticamente todos os posts.

    Nunca um blogue me cativou tanto! Ler aquele blogue foi uma verdadeira delícia, e foi a primeira vez que um blogue fez com que eu só continuasse a leitura de um livro nas viagens de comboio (ou seja quando não tinha ligação à internet)!
    Fiz isso com outro blogue, mas era um blogue muito mais pequeno em termos de nº de posts, com textos muito mais curtos e com muitas imagens.

    Por isso, face a essas observações de agressividade e defesa, não sei que diga. Não sei mesmo que diga, além de que talvez sou mesmo péssima a auto analisar-me só pode, pois nunca houve agressividade deste lado, e quando eventualmente havia abstinha-me de comentar.
    Mas, consegues citar um exemplo dessa agressividade de que falas?

    "No domingo, quando falei no "Escutas" e respondeste quase de imediato, disse: Hoje é o dia! E lá carreguei no link."

    Nem foi tarde nem foi cedo foi na hora certa :)

    "de uma menina perdida e em revolta num corpo de mulher."

    Revolto-me quando as minhas palavras são tão más e tão infelizes que não conseguem transmitir o que em vai na alma;

    Revolto-me quando procuro fazer o bem por alguém, e as palavras saem trocadas e ferem como punhais;

    Revolto-me quando, as minhas palavras são de tal modo mal interpretadas que levam alguém a ficar mal;

    Revolto-me quando o meu cérebro não faz a ligação com a minha cabeça;

    Revolto-me quando gosto tanto tanto das pessoas e de mim querem distância;

    Revolto-me quando tenho plena consciência que não ando a sufocar ninguém e me acusam de sufocar;

    Revolto-me quando...
    Me dizem que faço parte de algo que nem sequer existe.

    Tudo aconteceu em simultâneo no Domingo...

    Por isso sim, menina perdida e em revolta num corpo de mulher parece-me uma boa descrição.

    Sim, precisava de um abraço e uma palmada, e foi muito bem dado... Tudo! E não vou cansar-me nunca de te agradecer, por essa tal "preocupação despreocupada".

    Sim, veio com tudo isso um brilho no olhar...
    Estou em processo de mudança graças a essa palmada e a esse abraço.

    Bem... Vou publicar, espero que o pára quedas se abra...

    Só uma coisinha, se eu fosse alguém com uma descompensação mental muito grande, simplesmente não estariamos a ter esta troca de comentários tão cordial. Mas eu não bato assim tão mal da pinha, e gosto de escutar as pessoas com atenção, leste caso ler.

    Recentemente tive um situação de uma desagradibilidade que me chocou com uma moça aqui na bloga, é normal que ande de pé atrás, e que me fez ver que eu afinal até sou minimamente saudável mentalmente.

    Mas um pé atrás que dá espaço para confraternizar.

    Espero que o dia te esteja a correr de feição, e desculpa lá se a chata continua a alongar esta conversa...

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  22. *Revolto-me quando o meu cérebro não faz a ligação com boca;

    Era mais isto que queria dizer...

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  23. Hoje, quem vai baralhar isto tudo sou eu. Para ser um pouco diferente vou responder sem sequência lógica e talvez ainda correr o risco de ‘matar’ algumas das tuas ilusões.

    Ah! E se ainda tiver tempo, ainda sou capaz de deixar aqui um ou outro link que revelam ‘pedaços de mim’ para perceberes, ou deixares de perceber por completo, um pouco mais de mim.

    Pronta? Aqui vai.

    Os teus motivos de revolta vão existir ao longo de toda a tua vida. Se não quiseres passar por eles vais ficar como espectadora da tua vida. Pura e simplesmente, vais desistir de ti para evitares sofrer ou fazer os outros sofrer?

    Todos nós, num momento qualquer da nossa vida, já dissemos e fizemos o que não devíamos, já fomos mal interpretados, acusados e injustiçados por algo que aconteceu e com o qual não tivemos nada a ver, já nos saímos mal quando queríamos fazer o bem, já magoámos e fomos magoados (quer em gestos quer em palavras) e já deixámos de dar crédito a nós e aos outros.

    As relações humanas são isso mesmo, uma sucessão de equívocos e inequívocos desentendimentos e entendimentos.

    Não há duas pessoas iguais quer no sentir, quer no estar. Porquê? Porque apesar dos sentimentos e das acções estarem devidamente catalogadas e definidas nos dicionários, a interpretação e o uso que cada um faz delas não o está. Tem em conta toda uma experiência de vida que quase nunca, ou mesmo nunca, tem a ver com a nossa.

    Por isso, como não é possível controlarmos tudo e todos os que orbitam à nossa volta, nem mesmo a nós próprios (como tu dizes nem sempre se consegue pôr o cérebro a fazer ligação com a boca, apesar de ao nível de pensamento e associação de ideias ele ser bem mais rápido do que a nossa capacidade de falar, escrever e agir) o que podemos fazer é tentar alterar a forma como tudo isso nos afecta.


    (continua)

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  24. (continuação)

    Deixar de ver as acções dos outros à nossa imagem e semelhança, passando a vê-las como quem as pratica é, poderá ser uma fórmula para diminuir revoltas e desilusões. Por isso, há que dar tanta importância às palavras como aos gestos. Não nos devemos fixar/ficar apenas e só nas palavras.

    Há muito, muito tempo, quando começou o boom do consumismo e do recurso ao crédito para tal, ouvi num debate televisivo sobre consumo/endividamento/comportamentos sociais (quando ainda os faziam com algum interesse) alguém dizer que o problema da sociedade actual é que as pessoas perderam a vergonha na cara, já que deixaram de honrar a palavra (que era algo que na geração dos nossos pais e avós era inadmissível). Ao ouvir isso, caiu-me a ficha e acordei para a realidade. Aí comecei a ver os outros em vez de apenas e só me prender na palavra dos outros de acordo com aquilo que me foi passado pelos, meus pais, avós e tios (tenho uma família numerosa, participativa e até mesmo algo invasiva, na preocupação e cuidado que tem para com todos).

    Quanto ao aroma meio agressivo, posso estar equivocada, uma vez que apenas e só te li no Ecos, mas quanto ao toque grandemente defensivo já acho que não. Lê o que está antes do ‘agressivo’ e do ‘defensivo’ para veres que lhes dou pesos distintos.

    A auto-análise é algo que não se deve fazer quando o sangue ainda ferve, como costumo dizer, parar e contar até cem em japonês é algo que nos leva a acalmar um pouco. Ah! E não te preocupes que não o saibas fazer, eu também não sei, como não consigo fazer a contagem, nem no sentido crescente nem no decrescente, é um processo que é demorado. Nunca sequer me dei ao trabalho de aprender a dizer o zero ou o cem para o processo de relaxamento demorar o tempo necessário :)

    Quanto a descompensações mentais todos as temos, uns mais que outros é certo, mas conhecendo-as é meio caminho andado para melhorarmos as nossas atitudes. Perseguidores chatos como lapa, assim como existem na nossa vida real, também existem na esfera virtual. E neste último caso, revelam-se sempre um pouco mais perversos nos seus modos, já que não têm que dar a cara. Conheço casos que até envolveram a polícia dada a gravidade da perseguição. Mas uma vez mais, lembra-te da contagem japonesa, para além de que a indiferença mata ;)

    Aqui no meu canto, a meu ver só passou uma pessoa descompensada. Deixou um comentário curto sobre lugares comuns e frases feitas. Fiquei indecisa no que lhe responder e acabei por dar-lhe uma resposta neutra e felizmente para mim que antes de me decidir resolvi ver quem era. Segui o link e, supostamente, seria uma ela com 16 anos, cujo o tema do seu blog era, doentiamente obsessivo, sobre a forma de se matar.

    Os Links, ficam assim, porque uma vez mais já estou em cima da hora de ir trabalhar, e pode ser que logo me dê na telha e publique um texto, velhinho, velhinho, que anda sempre no limbo dos rascunhos e publicações deste espaço :

    Bem e Mal - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2007/05/bem-mal.html
    Saudades - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2007/08/saudades.html
    Dúvidas - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2008/02/dvidas.html
    Desconversar - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2008/02/desconversar.html
    Amizade - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2008/10/da-amizade.html
    Eu e os Outros - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2009/06/cansada-dos-outros.html
    http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2010/01/aceite-num-olhar.html
    Teoria sobre mim - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2009/11/teoria-interessante-ou-nao.html
    Do passado ao Presente - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2010/03/sugestionados.html
    (Maus) Hábitos - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2010/03/habitos-quebrados.html
    Esperanças - http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2010/05/lembra-te.html
    Devaneios entre Desconhecidos http://procura-de-luz-natural.blogspot.com/2010/04/conversa-seria.html

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