quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Do Teu Cheiro

Depois de duas semanas infernais de puros desencontros, conseguimos conciliar horários e passar ao encontro.

Quando finalmente nos vemos, com a certeza que não se trata de uma miragem, os nossos olhos dilatam-se acompanhando o brilho do sorriso que os nossos lábios mostram.

Abro a porta do carro e mesmo antes de me sentar e fechar a porta colo os meus lábios nos teus. Tenho urgência em saciar a sede que a vontade e a saudade trazem ao desejo.

Dos lábios abro caminho até à tua orelha onde, após uma profunda inalação, liberto o ar num suspiro de alívio.

Ainda de sorriso nos lábios seguro-te a cara com as duas mãos, mantendo os lábios ligeiramente afastados dos teus, apenas para dizer:

- Agora percebo que senti saudades.

Volto a beber dos teus lábios e a dar-te de beber dos meus. Até que o som da buzina de um carro que parou atrás de nós traz-nos à realidade.

Afasto-me, volto a inspirar junto ao teu ouvido, sento-me, fecho a porta, ponho o cinto e tu arrancas. Nisto volto a dizer, sempre com o mesmo sorriso nos lábios:

- Definitivamente, agora percebo que senti saudades.

- Esta convicção toda no 'agora' e nas 'saudades'...

Gesticulo para incentivar-te a desenvolver. E apenas acrescentas:

- Porquê?

- O teu cheiro... Depois destes dias todos sem nos vermos... Percebo que o que tenho estado a procurar, porque tem vindo a fazer-me falta é, simplesmente, o teu cheiro... Habituei-me sentir o teu cheiro na minha pele...


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