segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Gestos Simples

O teu corpo leve e esguio aproxima-se preocupadamente do meu. Páras a pouco mais de uns centímetros de mim, olhando-me nos olhos na busca de um olhar que te tranquilize o espírito.

Ternamente, estendo-te os braços, permitindo que te acomodes no calor do meu colo. A intranquilidade que pressenti em ti, agora vai dando lugar a um sentimento calmo de pertença. E o beijo que gentilmente te deposito na testa estabelece um outro nível de intimidade que te transmite segurança.

Uma onda de bem-estar invade-nos, permitindo-te olhar-me nos olhos e sorrir enquanto te vais acomodando na minha cama. A rudeza inicial do teu olhar de menino perdido transformou-se com os meus gestos simples.

Agora és tu que enroscas o teu corpo no meu à procura de maior contacto e conforto e assim deixamo-nos estar até nos deixarmos levar sem resistir pelo canto de Orfeu.

Antes de adormecermos, enquanto tento encontrar o interruptor do candeeiro que nos prolonga o dia, oiço-te balbuciar: 'Sabes? Tenho medo do escuro.'

Imediatamente refreio a mão que encontrou o interruptor e digo: 'Então, vamos dormir de luz acesa.'

Num misto de alívio e tranquilidade soltas um suspiro profundo que te acalma o suficiente para na tua voz doce e inocente de criança libertares um último: 'Noite feliz Tia.'

Sorrio e deixo-me ficar a ver-te dormir.

2 comentários:

  1. Fica um sorriso no fim de ler este texto:)

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  2. aflordapele:

    Há gestos que nos fazem ficar assim lamechas e de sorriso rasgado ou lágrima de alegria no canto do olho

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