segunda-feira, 18 de março de 2013

Reminiscências de um passado a dois

Sinto saudades do teu cheiro. Do teu toque nas minhas mãos, na minha cara, na minha pele.
 
Sinto falta do teu sorriso de miúdo crescido. Da tua voz quando me contas as preocupações do dia de trabalho, as travessuras dos teus filhos e o que me queres fazer quando mais tarde nos encontrarmos (para logo a seguir nos perdermos pelos lençóis).
 
Sinto falta do teu prazer em mim e do meu prazer em ti.
 

sábado, 9 de março de 2013

Inacabados

A primeira vez que nos tocámos, num aperto de mão característico de um cumprimento formalmente contido, um choque eléctrico percorreu cada centímetro do nosso corpo. "Electricidade estática", disse em tom de desculpa quando vi o teu olhar de surpresa. "Só pode", retribuiste com um sorriso mais tranquilo que quebrou, parcialmente, o constrangimento.
 
No entanto, o aguçar dos sentidos revelou-nos que a estática não passou por nós. Já que o desconforto trazido foi causado pelo despertar involuntário do desejo, não pela dormência expectável do choque.

terça-feira, 5 de março de 2013

Estou Óptima, Temos Pena

O chato de ir de férias é, no final, ter de voltar à rotina do trabalho. Mas como há coisas piores na vida, já me reabituei a esta dura realidade.
 
Isso tudo para dizer que há meia dúzia de dias regressei ao trabalho, depois de um curto período de férias e para confessar que a vontade de voltar era pouca e quando lá cheguei passou a quase nenhuma.
 
Primeiro, porque os dias de afastamento "souberam a pato".
 
Segundo, porque logo ao chegar à xafarica tive a infelicidade de me cruzar com a coleguinha do costume que, para não variar, recebeu-me com a velha boca do "estás mais magra, não está?".
 
Como seis dias longe dos meus coleguinhas e dos nossos nobres "agricultores" são q.b. para repor os níveis de paciência e para manter a boa disposição por muito mais tempo, acabei por estar inspirada o suficiente para arranjar uma resposta à altura da sua preocupação e que a deixou educadamente amuada. Explorar as fraquezas dos outros não é lá grande política, mas para quem não sabe qual é o seu lugar nem tem poder de encaixe, traz resultados maravilhosos*.
 
Agora voltemos ao que interessa, as férias. Principalmente, porque fui brindada com dias de Inverno cheios de sol e temperaturas a chegar bem perto dos 20 graus. Que foi sem dúvida um convite irrecusável para passeios descontraídos pelas ruas de Lisboa.
 
O entusiasmo desta dádiva foi tanto que me vi a sair da cama quase sempre antes das 9h e a pôr os pés na rua a tempo de dizer bom dia aos vizinhos carrancudos com que me cruzei. Algo pouco usual para mim, já que o meu horário de trabalho não me obriga a acordar nem a sair de casa antes do meio dia, muito pelo contrário.
 
Nestas férias só houve espaço com hora marcada para uma ida ao médico e para os preparativos e participação no já célebre jantar de "São Valentão" entre amigos. De resto, foram seis dias calmos a calcorrear Lisboa sem quê nem porquê, quase nunca com destino traçado e quase sempre sem hora de partida e de chegada para aproveitar ao máximo o sol revitalizante que dá vida à cidade. O que me soube bem e me fez ainda melhor.
 
 
*Principalmente quando são pessoas que não se dão bem com o facto dos outros estarem e sentirem-se bem com eles próprios e com a vida.